sábado, 23 de janeiro de 2010

SEU COSTA: pedra angular de um jornal

José Raimundo de Albuquerque Costa, o Seu Costa, era acreano, nascido em Cruzeiro do Sul, em 20/01/1920, mas cearense de coração, pela família que constituiu e pelo trabalhado produtivo aqui desenvolvido durante mais de seis décadas, quando foi, inopinadamente, colhido pela morte em 02/04/2004.
Ele foi admitido em O Povo ainda menino, quando mal terminara a primeira década da sua existência, formando-se na escola do trabalho, tendo convivido, por longos anos, com os fundadores Demócrito Rocha e Paulo Sarazate. O Povo foi seu único emprego na vida, exercido em tempo integral e dedicação exclusiva, tendo, em certa fase da vida, morado em casa contígua ao prédio do então vespertino.
Na maturidade, com o certificado do 2º grau, via exames supletivos, inscreveu-se no vestibular para o Curso de Comunicação Social da UFC, obtendo facilmente a cobiçada aprovação. Foi aluno exemplar, por sua assiduidade, responsabilidade e rendimento acadêmico, atestado por suas altas notas.
Já diplomado e possuidor de larga experiência, tentou ingressar no corpo docente da UFC, prestando concurso para o Departamento de Comunicação Social, conquistando o primeiro lugar no certame, mas foi impedida a sua nomeação porque sua idade era superior ao limite etário para admissão no serviço público, o que foi uma irreparável perda para a universidade que deixou de contar com a valiosa experiência profissional do Seu Costa.
O seu fazer profissional pode ser aquilatado nas belas palavras do Pe. Antônio Vieira: “Costa construiu o seu espaço, à sua imagem e semelhança. Foi importante não pela pelas funções exercidas ou tarefas que executou, mas ele é que as enobreceu e valorizou pelo toque de sua genialidade criativa e das suas peculiaridades pessoais” e ratificado por. J.C. de Alencar Araripe, que assim pontuou: “Costa não tivera estudos especializados. Fora um autodidata. E, como tal, de contínuo ascendeu aos postos de comando. Não se limitava ao estrito cumprimento das suas obrigações rotineiras. Zeloso e criativo, adotava iniciativas arrojadas para a época.”.
Também do escritor e político Pe. Antônio Vieira, pode-se compreender a grandeza humana desse jornalista, que, se vivo fosse, estaria comemorando nesta semana os seus noventa anos: “Costa soube enriquecer-se humanamente, enriquecendo o jornal e os seus leitores. A vida para ele não foi só planejamento. Foi sempre uma execução. Sempre uma procura. Uma conquista. Um ultrapassar a si mesmo. Um perene desafio”.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Da Academia Cearense de Medicina

* Publicado in: Jornal O Povo. Fortaleza, 23 de janeiro de 2010. Jornal do Leitor. p.3.

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