sábado, 16 de outubro de 2010

VINÍCIO BRASILEIRO MARTINS: dermatologista e líder de classe


A Academia Cearense de Medicina, desde a sua criação, revelou-se como um celeiro de grandes inteligências. Em maio de 2001, tal assertiva ganhou ares de efetividade maior, com a presença do Dr. Vinício Brasileiro Martins, na condição de membro honorário da ACM.
A trajetória de vida desse ilustre acadêmico é pontuada por importantes acontecimentos descritos a seguir.
Nasceu o Dr. Vinício Brasileiro Martins na Fazenda Liberdade, hoje São Gonçalo do Amarante, no Ceará, em 2 de maio de 1931, filho de José Eretides Martins e Eufrosina Brasileiro Martins. O seu casamento com a médica veterinária Maria Aurineide Bezerra Martins rendeu-lhe duas filhas: Lia, formada em Ciências Contábeis, e Marília, psicóloga e psicanalista. Foi nas Escolas Reunidas de São Gonçalo que aprendeu suas primeiras letras, consolidando o aprendizado no Grupo Escolar Santos Dumont, em Fortaleza. Estudou no Colégio Lourenço Filho e no Liceu do Ceará. Concluído o curso científico, ingressou na Faculdade Fluminense de Medicina, em 1952, na qual viria a se diplomar em dezembro de 1957.
Durante o curso médico, freqüentou os ambulatórios de Cirurgia e de Ortopedia do Hospital Antônio Pedro, em Niterói, passando também pelo laboratório do Instituto Fernandes Figueira, sob a direção do Professor Arlindo de Assis, pelo Hospital Carlos Chagas e pela Maternidade Clara Basbaum.
Desde os tempos de Faculdade, já se sentia inclinado para a Dermatologia, vindo a abraçar a especialidade com a devida orientação do Prof. Rubem Azulay. Convidado a integrar a Campanha Nacional Contra a Lepra, voltou para o Ceará, lotado em Pedra Branca, de onde passou a coordenar as atividades de controle da endemia em mais de vinte municípios da região.
Por três anos cuidou da saúde da população do Município de Pedra Branca, como clínico, obstetra, traumatologista e, muitas vezes, conselheiro espiritual. Ainda como funcionário da Campanha da Lepra, transferiu sua residência para Russas, na Região Jaguaribana.
Para reciclar seus conhecimentos, viajou para o Rio de Janeiro, em 1961. No ano seguinte, a serviço da Campanha, fixou-se na cidade de Paranavaí, no Paraná, compondo um Grupo de Trabalho (GT) que cobria mais de vinte municípios. Nesse período, trabalhou como clínico e como auxiliar de cirurgia na Santa Casa de Paranavaí. Pouco tempo depois, foi a vez de emprestar os seus préstimos no hospital da cidade de Terra Rica-PR.
Em 1963, freqüentou o Curso de Especialização em Leprologia, da Escola Nacional de Saúde Pública, a título de complementação do curso de Leprologia, que realizara em 1958, sob a orientação do Professor Antônio Carlos Pereira, na cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais.
Com a morte do pai, ocorrida em 1963, e em atendimento aos apelos da família, regressou a Fortaleza em janeiro de 1964. De pronto, passou a freqüentar o Serviço de Dermatologia do Professor Walter Cantídio, na Faculdade de Medicina da UFC. Trabalhava, então, na Delegacia Federal de Saúde, primeiramente sob o comando de Hyder Correia Lima, e depois, de Bolívar Bastos Gonçalves, marcando ainda a sua presença no Dispensário de Lepra do Centro de Saúde Barca Pellon, sob a chefia do Dr. Manoel Odorico de Moraes. A convite do Professor Cantídio, passou a atender no ambulatório de Dermatologia/Leprologia do Instituto de Medicina Preventiva (IMEP).
A sua volta ao Ceará, em princípio de 1964, coincidiu também com o início da sua atuação junto ao Centro Médico Cearense. A freqüência com que comparecia ao CMC, levou-o a assumir posições em prol da classe médica, tendo inclusive integrado, em sucessivos mandatos, a Comissão de Defesa da Classe. Ali conheceu destacadas personalidades médicas, como Washington Baratta, Aguiar Ramos e Turbay Barreira, estreitando, com eles, relações de amizade e companheirismo. Com a interferência de George Benevides, ingressou na Assistência Municipal de Fortaleza, como funcionário público.
A partir de abril de 1964, foi designado para integrar a Junta Médica Federal, permanecendo no posto até 1981. Na Junta, da qual foi presidente, trabalhou com os Drs. Bolívar Bastos Gonçalves, Edmilson Barros de Oliveira, João Helder Vasconcelos, Francisco de Assis Souza Serra, Antônio Melo Arruda e José Borges de Sales.
A aposentadoria do Dr. Vinício, como integrante do quadro de pessoal do Instituto de Assistência Médica da Previdência Social (ex-INAMPS), ganhou repetição do Ministério da Saúde, onde, por um bom tempo, exerceu a chefia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Não obstante, permaneceu ativo, como médico, prestando serviços em seu consultório particular, até quando, sorrateiramente, lhe sobreveio a morte.
No âmbito das suas atividades associativas, destacam-se as seguintes participações: ocupou os cargos de Presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional do Ceará, da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunopatologia – Regional do Ceará, da União Contra Doenças Sexualmente Transmissíveis – Secção do Ceará, tendo sido feito, também, Representante Regional Norte e Nordeste do Colégio Ibero-Latino-Americano de Dermatologia e Secretário Geral do Sindicato dos Médicos do Estado do Ceará.
Em 12/05/2001, após legítima escolha, por seus pares, foi empossado membro honorário da Academia Cearense de Medicina.
Até o final de sua vida, ocorrida em 02/05/09, quando celebrava o seu genetlíaco, manteve seu consultório localizado na Rua Gustavo Sampaio, 722, sala 2, na Parquelândia, atendendo a uma vasta clientela que o tinha na conta de um grande dermatologista.
Em breves palavras, o que se pode afirmar sobre o Dr. Vinício Brasileiro Martins é que ele honrou a sua profissão de médico e conferiu dignidade à sua condição de membro honorário da Academia Cearense de Medicina.
Prof. Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Da Academia Cearense de Medicina
* Publicado In: Jornal do Médico, 6(34): 3, 2010. (Informativo Médico Independente do Ceará).

Um comentário:

Unknown disse...

é com muito orgulho que releio a história de meu pai!!! meu sempre pai e amigo.

 

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