sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O BRASIL ANEDÓTICO XLIV

AVÔ E AVÓ
Presenciada pelo colecionador.
Na ante-sala da Academia, conversava-se sobre a situação de Coelho Neto, que acabava de tornar-se avô, quando Lauro Müller, que se achava no grupo, declarou.
- Você vai sentir, agora, Neto, a mais doce modalidade da paternidade. As minhas definições são estas.
E declinou:
- Avô - pai, sem exigências.
- Avó - mãe com açúcar.
PATRIOTISMO
Taunay – “Reminiscências”, vol. I, pág. 217.
Meses após a proclamação da República, encontrando-se o Visconde de Taunay com Benjamim Constant, pôs-se este a queixar-se amargamente do regime por ele próprio implantado.
- Olhe - dizia - eu contava com sincero patriotismo e só tenho encontrado “pratiotismo”. Conhece esta palavra?
Taunay fez um sinal significativo. E Benjamim:
- Inventei-a para o meu uso; há simples transposição de um “r” da segunda silaba para a primeira. “Pratiotismo” e o amor incondicional, acima de tudo, do “prato”, da barriga, do interesse, o sentimento que inutiliza, espezinha e conculca o patriotismo.
O “CAVADOR”
Humberto de Campos - Discurso de posse na Academia Brasileira de Letras, 1920.
Havia no Rio, anos atrás, um jornalista de má fortuna, diretor de um periódico oportunista, que claudicava de uma perna, aleijada por uma inchação crônica, e que vivia, então, da exploração, mais ou menos inteligente, da vaidade alheia. Uma tarde, passava este homem de imprensa ou de negócios pela rua do Ouvidor, arrastando, tardo, a sua perna enferma, quando um íntimo de Emílio de Menezes lhe chamou a atenção.
- Admira - diz - como aquele homem, com tamanho defeito, seja tão “cavador”...
- Pois, a mim, não admira, - contrapôs o poeta.
E voltando-se para o companheiro:
- Ele não tem uma perna “inchada”?
Fonte: Humberto de Campos. O Brasil Anedótico (1927).

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