terça-feira, 27 de novembro de 2012

SANTA GIANNA BERETTA MOLLA: mãe e mártir da vida

“Do amor divino, Gianna Beretta Molla, foi uma mensageira simples, mas mais significativa do que nunca... Esta Santa Mãe de família manteve-se heroicamente fiel ao compromisso assumido no dia do matrimônio. O sacrifício eterno que selou a sua vida dá testemunho de que somente quem tem a coragem de se entregar totalmente a Deus a aos irmãos realiza-se a si mesmo”
(João Paulo II)
Gianna Beretta nasceu em Magenta, perto de Milão, no norte da Itália, em 4 de outubro de 1922, filha do casal Alberto Beretta e Maria de Michelo.
Desde a sua primeira comunhão, recebida quando tinha apenas cinco anos e meio, acompanhava sua mãe, diariamente, à Santa Missa. Gianna foi crismada dois anos depois na catedral de Bérgamo. Assim, ainda em sua primeira juventude, acolheu plenamente o dom da fé e a educação cristã, auferida de seus zelosos pais. Essa formação religiosa ensinou-lhe a considerar a vida como um presente maravilhoso de Deus, a ter confiança na Providência, além de viver intensamente em oração.
Foi uma brilhante aluna em todas as etapas escolares. Nutria em seu coração a vontade de servir a Deus e aos irmãos, através da medicina. Durante os anos de estudos na Universidade, enquanto se dedicava com afinco aos seus deveres, vinculou sua fé ao generoso compromisso de apostolado entre os jovens da Ação Católica e de caridade para com os idosos e os necessitados nas conferências vicentinas.
Graduada em medicina e cirurgia, em 1949, pela Universidade de Pávia (Itália), abriu, em 1950, seu consultório médico em Mêsero (na vizinhança de Milão), sempre demonstrando especial atenção aos pobres e aos carentes. Especializou-se em pediatria na Universidade de Milão, em 1952, e, entre seus clientes, demonstrava especial cuidado para com as mães, as crianças, os idosos e os pobres.
Motivada pelo exemplo de seus irmãos: Alberto Beretta (médico e frade capuchinho) e Francesco, engenheiro que veio ao Brasil ajudar frei Alberto a construir um hospital, Dra. Gianna manifestou ao bispo de Bérgamo o propósito de vir para o Brasil, e aqui servir como missionária. O seu desejo era o de salvar vidas, principalmente as das crianças que morriam sem a devida assistência; porém, esse intento não foi concretizado, à conta de sua frágil saúde.
Enquanto exercia sua profissão médica, que considerava como uma “missão”, incrementou o compromisso assumido com a Ação Católica, e consagrou-se, exaustivamente, em ajudar às adolescentes. Por meio da oração, questionou-se sobre sua vocação, considerando-a como dom de Deus. No ano Mariano de 1954, Gianna foi ao Santuário de Lourdes, na França, e lá, aos pés da Virgem Maria, implorou para descobrir sua vocação. Optou pela vocação matrimonial, abraçando-a com entusiasmo, doando-se, integralmente, no sentido de “formar uma família realmente cristã”.
Em 1954, Gianna conheceu o engenheiro Pietro Molla, de quem se fez noiva em 1955. Enquanto preparava-se para o matrimônio, com expansiva alegria e sorriso, por tudo agradecia e orava ao Senhor. O casamento dos dois aconteceu na basílica de São Martinho, em Magenta, em 24 de setembro de 1955.
Casada Gianna transforma-se em uma feliz mulher. Em novembro de 1956, é a radiante mãe de Pedro Luís; em dezembro de 1957, nasce sua filha Mariolina e, em julho de 1959, foi a vez de Laura chegar. As quarta e quinta gestações de Gianna terminaram em aborto espontâneo, no segundo mês, sem aparente explicação. Com simplicidade e equilíbrio, ela conciliava os deveres de mãe, de esposa e de médica, com a grande alegria de viver.
Em setembro de 1961, no final do segundo mês de sua quinta gravidez, viu-se alcançada pelo sofrimento e pela dor. Foi-lhe diagnosticado um grande fibroma no útero, sendo indicada a feitura de histerectomia. Essa cirurgia deveria ser realizada, mesmo se ela não estivesse gestante. Fazer a operação, naquela situação, não seria um pecado, porquanto seria a opção de evitar uma provável morte materna. Como médica, Gianna conhecia muito bem as complicações e os riscos da nova gravidez. Mas isso, de modo algum, diminuiu o amor por este filho, amado e desejado como os outros. Desse modo, Gianna, livre e heroicamente, recusou a histerectomia, dizendo: “a mãe dá a vida pelo filho”.
Gianna era ardorosa defensora da vida, em especial a das crianças, nascituras ou já nascidas. Corajosamente, ela defendia o direito de nascer da criança, afirmando: “O médico não se deve intrometer… O direito à vida da criança é igual ao direito à vida da mãe. O médico não pode decidir. É pecado matar no seio materno!
Gianna decidiu prosseguir com a gravidez, suplicou ao cirurgião que salvasse a vida que trazia em seu seio e, então, entregou-se à Divina Providência e à oração. Passou os sete meses que a distanciavam do parto com admirável força de espírito e com a mesma dedicação de mãe e de médica. Com o feliz sucesso da cirurgia, agradeceu intensamente a Deus a salvação da vida do seu rebento derradeiro.
Alguns dias antes do parto, sempre com grande confiança na Providência, demonstrou-se pronta a sacrificar sua vida, para salvar a do filho: “Se deveis decidir entre mim e o filho, nenhuma hesitação: escolhei - e isto o exijo - a criança. Salvai-a”.
Depois de enormes sofrimentos, na manhã de 21 de abril de 1962, por meio de uma cesariana, nasceu Gianna Emanuela, uma menina por quem Gianna tanto pedira, tanto desejara, para o enriquecimento do seu lar, de sua família.
Apesar dos esforços para salvar-lhe a vida, na manhã de 28 de abril, em meio a atrozes dores e após ter repetido a jaculatória “Jesus eu te amo, eu te amo” morreu santamente. Tinha somente 39 anos de idade. Seus funerais transformaram-se em grande manifestação popular, de profunda comoção, de fé e de oração.
A Serva de Deus repousa no cemitério de Mêsero, distante quatro quilômetros de Magenta, nas cercanias de Milão (Itália).
Em 1972, foi iniciada a causa de beatificação de Gianna Beretta Molla. Em 1980, no dia do aniversário de sua morte, o Arcebispo de Milão decretou a introdução de sua causa.
Foi beatificada por João Paulo II, em 24 de abril de 1994, no Ano Internacional da Família.
Em 4 de outubro de 1997, no 2º Encontro Mundial do Papa com as Famílias, Gianna Emanuela, que hoje é médica, como a mãe, esteve no Rio de Janeiro, no estádio do Maracanã, na presença do Santo Padre e de duzentas mil pessoas. Ela, em momento emocionante, elevou uma oração à sua mãe, a Bem-aventurada Gianna Beretta Molla, agradecendo-lhe pela vida que lhe dera duas vezes: por meia geração e do martírio.
Santa Gianna Molla foi canonizada pelo Papa João Paulo II em 16 de maio de 2004.
Gianna Molla, essa santa mãe de família, manteve-se heroicamente fiel ao compromisso assumido no dia do matrimônio. O sacrifício eterno que selou a sua vida dá testemunho de que somente quem tem a coragem de se entregar totalmente a Deus e aos irmãos realiza-se a si mesmo.
Que o mundo atual possa descobrir, novamente, por intermédio do exemplo de Gianna Beretta Molla, a beleza pura, casta e fecunda do amor conjugal, vivido como resposta ao chamado de Deus!
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Da Sociedade Médica São Lucas
* Texto elaborado com base em verbetes biográficos dessa santa, disponíveis na internet, e publicado, com supressão de alguns trechos, In: Boletim Informativo da Sociedade Médica São Lucas, 8(64): 3-4, novembro de 2012.

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