sábado, 31 de agosto de 2013

O BRASIL ANEDÓTICO LVI



HONRARIA DISPENSÁVEL
Tobias Monteiro - "Pesquisas e depoimentos", pág. 296
Ordenada a deportação da família real, foi escalado para comboiar o Alagoas até Lisboa o couraçado Riachuelo, navio de marcha demorada e que, em péssimo estado, parava frequentemente para consertar as caldeiras. Aborrecido com isso, que lhe retardava a viagem, o Imperador pediu ao comandante Pessoa, do Alagoas, que mandassse um recado ao comandante do navio de guerra.
- Diga a esse moço - pediu, - que se o Riachuelo é honraria, eu dispenso; se quer dizer receio, eu não quero voltar.
E no mesmo tom:
- O Brasil não me quer; vou-me embora.
O PRIMEIRO PASSO
J.M. de Macedo - "Ano Biográfico", vol. III, pág. 246.
Figura de relevo no Exército do Império desde os acontecimentos de 7 de abril de 1831 o major Miguel de Frias achava-se preso em uma das fortalezas, quando, na noite de 3 de abril de 1832, desembarcou na cidade, a fim de assumir o comando da tropa, que entrava na conspiração. Em caminho, amigos procuraram dissuadi-lo, pois a maior parte da guarnição não o seguiria.
- É tarde - declarou ele; - agora já dei o primeiro passo!
E seguiu para o campo de Santana, onde, uma hora depois, era desbaratado.
A ESPADA... QUE JÁ HAVIA
Anais da Constituinte Republicana, vol. I, pág. 864.
Na sessão de 24 de dezembro de 1890, da Constituinte, é posta em discussão a moção de Américo Lobo, em que o Congresso se congratula com as forças armadas pela proclamação da República. Combatido por alguns congressistas, o autor da moção sobe à tribuna para justificá-la. Não se trata de uma curvatura diante das forças de terra e mar.
- Eu, representante de um país do arado e da toga, - diz - de um país pacífico, não posso pensar que o militarismo domine jamais no Brasil.
E num audacioso lance de eloquência:
- Para que tal se desse, seria preciso que houvesse uma espada tamanha como o diâmetro da terra!
BESTA DE SEGE
O conselheiro Dr. Manuel Luiz Álvares de Carvalho, que redigiu os primeiros estatutos do curso médico-cirúrgico do Rio de Janeiro, era um caráter altivo e, apesar do tempo em que vivia, um espírito independente.
Saía o Dr. Manuel Luiz, certa vez, do Paço, onde fora como profissional, quando encontrou em um dos corredores uma das damas de honor puxando o carro do príncipe D. Sebastião. Sendo isso, então, uma honraria, achou a dama que o médico se sentiria desvanecido com a distinção e ofereceu-lhe um dos cordões do carro para puxar.
- Dê V. Excia. a honra de puxar o carro do Infante a quem quiser, - respondeu, azedo, o velho cirurgião.
E indignado com as baixezas da época:
- Eu não sou besta de sege!
Fonte: Humberto de Campos. O Brasil Anedótico (1927).

HOMENAGEM PÓSTUMA À PROFA. ELSIE STUDART



Na manhã de ontem (30/08/2013), às 8h15min, no Auditório Lúcio Alcântara do Instituto do Câncer do Ceará (ICC), logo depois da Sessão Clínica, foi prestada uma tocante homenagem póstuma a ELSIE STUDART, como reconhecimento pelo muito que propiciou, em duas décadas de atividades funcionais, em prol da nossa instituição.
Sob a nossa direta coordenação, e atuando como mestre de cerimônia, durante a homenagem foram projetados dois vídeos: o primeiro, envolvendo a reprodução de depoimentos de Ivanete Nascimento e Marcelo Gurgel, extraídos da solenidade em que ela foi agraciada, em dezembro de 2009, com certificado de gratidão do ICC-65 anos, e dois novos depoimentos emitidos pelas médicas Lúcia Alcântara e Inês Melo; e o segundo, contendo uma seqüência de fotografias da homenageada, e complementado pela exibição das capas de obras de sua vasta produção literária.
O ponto alto do evento foi a fala do Prof. José Jarbas Studart Gurgel, irmão de Elsie, que agradeceu ao ICC em nome da família Studart Gurgel.
Ao término, os muitos presentes no auditório receberam exemplares do livro “Sacoletras”, que reúne uma boa mostra do fazer literário de nossa querida escritora e revisora Elsie.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

ICC SE DESPEDE DE DONA ELSIE



Os amigos do Instituto do Câncer do Ceará se despediram de Dona Elsie, como era chamada carinhosamente, no dia 25 de julho. Elsie Studart Gurgel de Oliveira, que dedicou 22 anos de sua vida à instituição, faleceu depois de três meses de enfermidade. Ela era membro do Comitê de Ética em Pesquisa, participava do Conselho Editorial da Revista Conexão ICC e integrava a Rede Feminina do ICC. Ainda emprestava sua experiência como escritora e redatora nas demandas institucionais e dos funcionários da casa, sendo responsável pela redação da maioria dos discursos oficiais da Instituição.
Companheiro de trabalho de Dona Elsie durante todo o tempo em que ela trabalhou no ICC, o Dr. Marcelo Gurgel, também presidente do Comitê de Ética em Pesquisa do ICC, lamentou a partida da grande amiga. “A professora Elsie era uma pessoa de invejável cultura, cultora das letras, detentora de uma memória prodigiosa, exibia o dom da escrita, com inegável primor e aguçada sensibilidade, com incursões em deferentes gêneros literários”, relata ele. Ao lado dela, Dr. Marcelo publicou vários livros e foi seu editor. “Ainda tenho sob custódia alguns dos seus trabalhos que podem ser divulgados em caráter póstumo, oportunamente. A Elsie participou das comemorações dos 50 anos do ICC, que aconteceu em 1994, dos 60 anos, em 2004, e dos 65 anos, em 2009. Ela fará muita falta na comemoração dos 70, que será 2014”.
Ele lembra ainda que a professora Elsie participou da criação da Escola Cearense de Oncologia, inclusive elaborando projetos apresentados ao Ministério da Educação, para fins de autorização de funcionamento.
Sua sede pelos livros era tão grande que Elsie publicou dez livros e deixou dois prontos: um sobre o Dr. Haroldo Juaçaba e o outro, de contos. No próximo dia 30 de agosto, após a Sessão Clínica da data, por volta das 8 horas, o ICC fará uma homenagem a Dona Elsie como uma última despedida e convida a todos a participarem desse momento de saudade.

(Depoimentos resumidos)
GRATIDÃO E RECONHECIMENTO
Uma história viva feita de muita fraternidade, ternura, compreensão, disponibilidade, competência; tudo envolto numa aura de simplicidade e delicadeza. Foi assim que viveu a “Dona Elsie”. E nós, conhecidos, amigos e colegas, caminhantes de uma mesma direção, queremos respeitosamente fazer memória e registrar nosso reconhecimento e gratidão. Nas nossas mentes e nos santuários de nossos corações deixemos ecoar nosso muito obrigado e a nossa saudade.
Marcos Venício Alves Lima
SAUDADE
Perdemos a D. Elsie, uma grande mulher que parecia pequena. Perdemos a mãezona, a amiga incondicional, a confidente, a testemunha, aquela que era “pau pra toda obra”. Nosso planeta Terra ficou “capenga” com sua partida, mas, em compensação, a alma do universo ficou mais bonita com a sua chegada. D. Elsie, até que voltemos a nos encontrar novamente, e também não tenho a menor dúvida disso, que Deus do nosso coração e da nossa compreensão a guarde em seus braços. Restará, até lá, uma ENORME saudade.
Victor Hugo Medeiros de Alencar
É DIFÍCIL DIZER ADEUS PARA QUEM AMAMOS
Querida amiga Dona Elsie, falar da senhora, parece fácil, diante das qualidades inatas que a senhora trazia consigo, em abundância, tais como: generosidade, humildade, simplicidade, compaixão e solidariedade com qualquer pessoa que tivesse a oportunidade de se aproximar da senhora. Apesar da dor da perda de nossa querida dona Elsie, sigamos o exemplo do Papa Francisco quando nos estimula a conservar a esperança, deixar-se surpreender por Deus e viver na alegria.
Inês Tavares Vale e Melo
Extraído de: ICC Comunica. Agosto/2013. p.3.

O Acaso Também Precisa de Ajuda



Meraldo Zisman (*)
O mensalão já não tem mais tanta importância. É fácil de entender. As notícias, por mais gritantes que sejam, cansam. São as mesmas coisas e, ao fim de pouco tempo, causam saturação. É preciso algum fato novo, uma renovação. O povo demanda e aprecia algo diferente, muito embora, aparentemente, seja uma variação do mesmo tema. As novas são quase sempre (ou sempre) as mesmas, com distintas roupagens. E urge distrair o público com novos assuntos. Organizar uma boa sublevação de ordem pública, por exemplo, é uma velha e histórica maneira de promover novos acontecimentos, sem nada mudar.
Agora, com a inovação da faminta internet para ser alimentada, torna-se, ainda, mais importante, as pseudo-inovações. E, pior, em vez de findarem ou serem substituídas, permanecem incólumes à televisão, ao rádio e, até, à decadente/esclerosada mídia escrita. A eutanásia é proibida, mas permitem que ela sobreviva. É considerada antidemocrática ou uma falta de humanidade. O que tentar? A única maneira é lançar mão de velhos remédios, para tratar as mesmas doenças.
Faz-se necessário reacender as chamas democráticas. Como admitir uma nova semana sem notícias impactantes? Como os servidores da mídia ganharão o leite de sua prole? Uma ameaça à democracia (?) é sempre um motivo importante. Os fazedores de desordens possuem um velho lema: “Que importam as vítimas se o gesto foi belo?”. Qual o montante de raiva contida nas grandes metrópoles? Então, surge uma boa saída: o transporte público. Os transportes públicos sempre foram a pièce de résistance das revoltas urbanas. Sem falar na estudantada, esta massa de manobra conhecidíssima e facilmente inflamável.
Falar de estudantes é o mesmo que dizer: jovens. Tanto os que estudam, quanto aqueles que são “estudantes profissionais dos protestos”. Pode-se, inclusive, misturar uns velhinhos desempregados ou, mesmo, empregados e outros tipos de “trombudos”, para que a massa já esteja no ponto de ser mexida. Nem é preciso colocar fermento para que cresça. Juntando-se uma turba, com facilidade, (no presente, mais fácil de ser convocada via internet) e, depois, introduzir alguns especialistas em desordem pública...
Quando o espetáculo vai esquentando, só é preciso alguns contingentes policiais para a festa pegar fogo. Em qualquer parte do mundo, nada melhor que a polícia para estimular a turba às paixões belicosas. Voam-se algumas pedras, ouvem-se gritos, e são acionadas bombas de efeito moral, de fumaça, ou balas de borracha. Um transeunte que passava na rua, por acaso, é atingido. Melhor, ainda, se a vítima for jornalista: daí, a festança está completa. A vítima fica ao dispor de todos. Qualquer vítima serve: dá no mesmo! Que dirá se for um profissional da própria mídia?
E a pacífica manifestação passa aos estágios de violentos protestos populares, turbulentos, de sublevação, e finda como o indício de uma revolução para acabar com nossa suposta democracia. Transmuta-se em matéria para as primeiras páginas, as manchetes dos meios de comunicação, para os quais o mais importante é manter o movimento. E, adeus, à pobre vitima. Algumas pessoas filosofam: “nada acontece por acaso”.
Acredito, porém, que o acaso precisa de um pouco de ajuda, para poder acontecer.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).
Publicação: 11.07.13  3h (Diário de Pernambuco)

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

HOMENAGEM À PROFA. ELSIE STUDART



Ontem, dia 28/08/2013, se viva fosse, ELSIE STUDART completaria os seus 70 anos de existência. Por suas características pessoais, e sendo avessa às comemorações, por certo, ela não tomaria qualquer iniciativa, mas os seus tantos amigos do Instituto do Câncer do Ceará (ICC) tratariam de lhe fazer uma festa-surpresa, não deixando passar em branco esse marco, que por apenas um mês D. Elsie não o alcançou.
Amanhã (30/08/2013), às 8h, logo após a Sessão Clínica do ICC, prestaremos a ela a nossa homenagem póstuma, pelo muito que contribuiu, em duas décadas de atividades, em prol da nossa instituição.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

INTERNACIONALIZAÇÃO DE MÉDICOS NO BRASIL



O Ministério da Saúde serviu de fonte para divulgar, na revista Isto É, Ano 37, Nº 2.257, p.28, de 20 de fevereiro de 2013, valores da participação de médicos estrangeiros de alguns países: Inglaterra (37%), EUA (35%) e Canadá (22%), como mote para denunciar a pequena internacionalização aqui vigorante, e um prenúncio para pretextar a importação de médicos do exterior.
Agora, decorridos pouco mais de três meses dessa notícia, ao ensejo de sua ardorosa campanha para trazer, a qualquer custo, médicos estrangeiros, ou formados no exterior, para preencher postos de trabalhos médicos em pontos remotos do Brasil, onde existiria a carência desses profissionais, o Ministério da Saúde desfralda a bandeira da baixa internacionalização de médicos no Brasil.
A pequena participação estrangeira no mercado de trabalho brasileiro é generalizada entre profissionais, acometendo as mais diferentes profissões, e não apenas à Medicina, ficando claro que os “gringos” ocupam funções diferenciadas ou mais qualificadas em certos nichos de mercado, como no campo da alta tecnologia e da pesquisa, e cargos diretivos de empresas, cujas matrizes situam-se no exterior. Adite-se que a presença estrangeira é claramente expressiva entre religiosos, católicos e outras denominações cristãs, que aqui aportam para atividade missionária.
De fato, segundo a demografia médica do Brasil - 2013, publicada recentemente pelo Conselho Federal de Medicina, no Brasil, do total de 388.015 médicos com registro ativo no sistema CFM/CRM, 7.284 (1,87%) graduaram-se no exterior, sendo que 64,87% são brasileiros que saíram para estudar fora e retornaram; os outros são imigrantes que já chegaram com seus diplomas. Todos eles cumpriram as exigências legais, revalidaram seus diplomas e se inscreveram em algum CRM.
Os estrangeiros provêm de 53 países, mas cerca de 95% deles são da América Latina, e quase metade ficou radicada em três estados do Sudeste, onde justamente há maior presença de médicos, indicando que a vinda de adventícios, naturalmente, não tem concorrido para diminuir o desequilíbrio regional da distribuição de médicos no País.
Os três países citados, à guisa de exemplo, foram muito mal escolhidos na  referência ministerial, porquanto, em comum, eles guardam a preservação da tradicional “drenagem de cérebros”, pautada pela busca de imigrantes de mente privilegiada, com sólida educação e profissionalmente capacitados, ou, quiçá, com indicativos de genialidade, para agregar know-how aos receptores.
Além disso, eles têm particularidades que os tornam mais receptivos à migração mais qualificada, a começar pelo largo uso da língua inglesa. Boa parte dos médicos atuantes na Inglaterra, ditos estrangeiros, é composta por cidadãos britânicos de outros países do Reino Unido, ou da Commonwealth of Nations, uma organização intergovernamental derivada sobretudo de nações dantes abrigadas no vasto cobertor do Império Britânico, talvez um resquício do colonialismo inglês. A ação do Department for International Development – DFD concorre, sobremodo, para promover o intercâmbio científico (a Medicina, inclusive), carreando muitos indivíduos para a Inglaterra, que, apesar de anglófonos e cidadãos de sua Majestade, necessitam da aprovação em exames de conhecimentos para se converterem em um General Practitioner (GP), correspondente ao clínico geral no Brasil. Por outro, como a Inglaterra integra a União Europeia, há o livre trânsito de profissionais dos distintos países formadores desse bloco econômico, desde que se cumpram as formalidades para a obtenção da licença de exercício da medicina.
O Canadá é um país desenvolvido, de economia pujante, que ostenta indicadores de alto bem-estar à sua população. Tem uma política bem definida de atrair mão de obra qualificada, no intuito de suprir necessidades imperiosas da melhor ocupação do seu território, tão abundante de recursos naturais. Profissionais de saúde são bem-vindos no Canadá, desde que bem formados e sejam testados em estágios hospitalares, após criteriosa avaliação de seleção, e quando, autorizados a trabalhar nesse país, o governo canadense executa rigoroso e gradativo controle, determinando onde exercer e o que pode o médico fazer, no âmbito do seu organizado Sistema de Saúde. Tem o Canadá, a seu favor, a ampla fala do idioma de Shakespeare, mesmo na província de Quebec.
Os Estados Unidos formam um país de larga tradição migratória, composta de gente que “ia fazer a América”, vendo-a como a sua terra da promissão. Hoje, é tão extensa essa presença de imigrantes e seus descendentes, que os WASP (white, anglo-saxon and protestant) em breve serão minoritários nos EUA. A medicina norte-americana, não a sua questionável Saúde Pública, configura-se deveras atrativa aos imigrantes, pois é dotada da mais apurada tecnologia, sendo vanguarda na incorporação de procedimentos diagnósticos e terapêuticos, que geram polpudos rendimentos aos seus doutores, em que pese os riscos advindos da responsabilidade civil que pairam em seus profissionais de saúde.
Médicos estrangeiros são bem acolhidos na terra do Tio Sam, condicionados às competências que possuam para sobrepujar as difíceis barreiras interpostas na legislação e nas normas que disciplinam a prática médica nos USA. De fato, para um médico do exterior trabalhar nos EUA, ele precisa ser aprovado, e bem classificado, comparativamente, em complexos e longos testes de conhecimentos, chamado de United States Medical Licensing Examination (Exame de Licenciamento Médico nos Estados Unidos). Mais conhecido como USMLE, é um exame de múltiplas etapas (steps), pelo qual o médico é obrigado a passar antes de ser autorizado a praticar Medicina nos EUA.
Os steps 1 e 2 são aplicados em dezenas de países, e o 3, apenas realizado nos EUA. O step 1 é a primeira etapa do processo e tem como objetivo avaliar se estudantes de medicina ou médicos tem a capacidade de compreender e aplicar conceitos importantes das ciências básicas para a prática médica. Ele avalia os conhecimentos em matérias básicas da Medicina (Anatomia, Fisiologia, Patologia, Epidemiologia etc.); o 2, tem o objetivo de avaliar se o estudante de medicina ou médico possui conhecimentos, habilidades e compreensão da ciência clínica essencial para a prestação de assistência ao paciente, sob supervisão. Ele avalia o domínio em disciplinas do saber médico no ciclo clínico (Clínica Médica, Cirurgia Geral, Toco-Ginecologia, Pediatria etc.). O step 3 destina-se a avaliar se o médico consegue aplicar o conhecimento e a compreensão da ciência biomédica e clínica essencial para a prática da medicina desacompanhado. Tal etapa ocorre em dois dias de exame, e cada dia de testes deve ser concluído dentro de oito horas, e, diferentemente das etapas 1 e 2, ao step 3 somente podem se sujeitar os já graduados ou bacharelados em Medicina.
Quando muito bem sucedidos nesses steps, os estrangeiros, em igualdade de condições aos médicos norte-americanos, aplicam às vagas ofertadas para fellow ou medical residency em hospitais credenciados para formação de especialistas médicos. Ao lado de elevados escores nos steps, é exigido do médico estrangeiro, que queira estagiar nos EUA, um excelente resultado no TOEFL, ratificando a proficiência no inglês. No geral, esses treinamentos consomem cinco longos e extenuantes anos da vida médica. Depois disso, para os que desejam exercer a Medicina nos EUA, serão cobradas as aprovações nos boards das especialidades e o cumprimento de atividades de educação continuada.
É do conhecimento, no meio médico, de que médicos brasileiros que conseguem estagiar nos EUA ficam entre os mais estudiosos das turmas, distinguidos entre os mais brilhantes; os que logram se radicar naquele país, possuem, ademais, outros atributos, como a determinação e a competitividade, conformando-lhes uma indiscutível competência.
O que o governo brasileiro vem advogando, em prol da nossa internacionalização da Medicina, é a mera importação de médicos estrangeiros, subutilizados ou desempregados em seus países de origem, sem passar por quaisquer crivos avaliativos de conhecimento, como quem busca o rebotalho, o que sobra, até porque está ao desabrigo profissional, devido à insuficiência técnica ou à desatualização técnica.
Em uma ousada comparação com os irmãos americanos do norte, no tocante aos respectivos períodos coloniais, até parece que vamos confrontar os ingleses emigrantes do Mayflower com os aventureiros e degredados portugueses, aportados nesta terra dos papagaios, ou cotejar os pioneiros da América com os bandeirantes brasileiros.
Creio que nossa gente é digna de algo melhor. Se teremos que importar médicos, o que é pouco justificável, que se faça com a boa qualidade, aferida a partir do Revalida, e complementada por outros predicados da formação e da experiência médicas, e sem se descuidar da fluência daquela língua, cognominada de a “Última flor do Lácio, inculta e bela”.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Professor titular de Saúde Pública-Uece
* Publicado In: Conselho, 100: 6, julho-agosto de 2013. (Informativo do Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará).

terça-feira, 27 de agosto de 2013

DISCURSO: Estórias Esculapianas



Em janeiro de 2008, animado pelo ímpeto ficcional, recém-estreado com o romance “Maquis: Redenção na França Ocupada”, comecei a escrever contos, um gênero literário bastante atrativo para quem escreve e igualmente atraente ao leitor.
Foi assim que contos, da minha lavra, foram se sucedendo, no conjunto da diversificada produção de um escrevinhador, tido como polígrafo, parte deles recorrendo à temática médica, como lastro das estórias.
Em dezembro de 2011, juntei em um só volume, contos que tratavam de conteúdos ou aspectos da Medicina, todos inéditos, sob o título Estórias Esculapianas, como aqui se mostra, e o apresentei ao VIII Edital de Incentivo às Artes, da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult-CE), inscrevendo-o na categoria de Contos.
Como qualquer produção do gênero, esta obra agrega experiência e criatividade, apontando para o fato de que a escrita traz à tona a emoção do autor, enredada em vivências pessoais, transmitidas ou testemunhadas. Ela reúne 17 contos, todos tendo como cenário a medicina, esta ambientada, principalmente, no Ceará, configurando situações hilárias ocorridas e levadas ao meu conhecimento.
Este livro, avalizado pela Secult-CE, como um dos ganhadores do VIII Edital retro-referenciado, teve o seu financiamento assegurado pelo Governo do Estado do Ceará, ao qual, penhoradamente, agradeço.
As ilustrações inclusas, uma para cada estória, conferem leveza e síntese da trama exposta, foram cuidadosamente desenhadas, a bico de pena, pelo Prof. Jesper, a quem presto o reconhecimento por seus claros méritos.
De princípio, sou muito grato à Profa. Giselda Medeiros, ilustríssima imortal das Academias Cearense de Letras e Fortalezense de Letras, presidente de Honra da AJEB e princesa dos poetas do Ceará, por seu apurado prefácio e por suas tão gentis palavras ao efetuar a apresentação neste lançamento.
Também o meu muito obrigado é dirigido à Expressão Gráfica, que se esmerou na impressão da obra, e, em especial, na estampa da sua capa, exibindo The Four Doctors (Os Quatro Doutores), uma pintura de John Singer Sargent, pertencente ao acervo da The Alan Mason Chesney Medical Archives of The Johns Hopkins Medical Institutions, de Baltimore (EUA).
Quero aqui ainda expressar a minha gratidão à Unicred Fortaleza, em especial aos seus diretores e aos funcionários do serviço de Marketing, que deram suporte ao lançamento da obra, propiciando, do melhor modo possível, espaço, logística e infraestrutura, requisitadas à execução do evento.
Tem-se que realçar aqui a prática pessoal de coibir a espera na costumeira fila de autógrafos, até o recebimento do livro, dispondo de uma etiqueta autografada pelo autor e colada na folha de rosto, contendo os seguintes dizeres: “Manifesto-me agradecido por seu interesse em relação a esta obra, cuja renda será revertida para as ações beneficentes e evangelizadoras da Sociedade Médica São Lucas.” Cordialmente,
Muito Obrigado!
Prof. Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Da Academia Cearense de Medicina e da Sobrames/CE
* Discurso proferido por ocasião do lançamento do livro “Estórias Esculapianas”, na Célula de Arte e Cultura da Unicred Fortaleza, em Fortaleza, em 23 de agosto de 2013.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

APRESENTAÇÃO DE ESTÓRIAS ESCULAPIANAS





Marcelo Gurgel, além de médico, economista, professor universitário, polígrafo, doutor em Saúde Pública e pós-doutor em Economia da Saúde, ainda encontra tempo e razões para se dedicar ao exercício da literatura. Isso não nos surpreende, porquanto sabemos que, desde os primórdios dos tempos, Medicina e Arte se complementam e interagem na busca da beleza e da perfeição. Ambas se imbricam no interesse pela vida e na inquietação do ser humano. Hipócrates já defendia essa verdade, asseverando que a medicina, assim como a literatura, constitui-se uma arte, por envolver sempre três atores: o médico, o paciente e a doença.
Marcelo Gurgel faz parte desse privilegiado grupo, em que se misturam, harmoniosamente, o homem médico – aquele que convive com a realidade inerente à natureza humana: as doenças que põem em risco a vida; a morte, sempre a “indesejada das gentes”, em seus letais momentos, inexoravelmente a nos sugar; a loucura, o sofrimento, a angústia; o milagre do nascimento, tudo isso suscitando sentimentos, – e o homem artista, aquele que, reinventando a vida, recria um mundo em que podem conviver o bem e o mal, o louco e o sábio, o amor e o ódio, cada qual desempenhando o seu papel no teatro da vida, e, através da “arte verbal, passa a comunicar experiências inefáveis”.
Nas lides acadêmicas, Marcelo é sócio titular da Academia de Medicina e da Academia Brasileira de Médicos Escritores. É membro da SOBRAMES-CE (Sociedade Brasileira de Médicos Escritores) e da Sociedade Médica São Lucas, afora outras instituições culturais. E, agora, vem engrossar as fileiras do conto cearense com Estórias Esculapianas, livro agraciado com o “Prêmio Literário Para Autor Cearense”, realizado pela Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, e que enfeixa contos, recriados no dia-a-dia médico. São estórias, ora envolvendo o esculápio, ora o próprio paciente, em situações engraçadas, narradas com leveza, correção, personalidade e, sobretudo, com o conhecimento técnico de quem é sabedor dos meandros da narrativa.
Homem de mente privilegiada, dono de vastos conhecimentos, tanto no plano científico, como no literário, já tendo publicações nos gêneros: crônica, conto, ensaio literário, memorialismo, discurso, romance e teatro, nesse seu livro busca interpretar a trajetória do ser em sua real condição humana, com suas dores, angústias, medos, sem deixar de ver o lado cômico da vida, intercambiando experiências. Atentemos, também, ao fato de que o médico e professor Marcelo Gurgel corrobora que escreve como uma forma de libertação e de superação desses elementos existencialistas adversos, imprimindo no leitor uma procura de paz e harmonia, manejando tão bem a linguagem, os diálogos, a nos mostrar o poder encantatório de dar às suas personagens de papel o sopro de vida. E, para modelar esta existência sofrida, introduz em suas narrativas uma receita espetacular: o hilário, o cômico que transmutam e transfiguram nosso humor.
Desse modo, Marcelo Gurgel busca aproximar medicina e literatura, porque esta o leva a imergir a águas mais profundas, de onde vem à tona mais humano, mais livre e mais revigorado.
Obrigada.
Giselda Medeiros
Da Academia Cearense de Letras
23/8/2013

domingo, 25 de agosto de 2013

PÉROLAS DO ENEM III

17. "Respiração anaeróbica é a respiração sem ar, que não deve passar de 3 minutos".
(Senão a anta morre.)
18. “Ateísmo é uma religião anônima praticada escondido. Na época de Nero, os romanos ateus reuniam-se para rezar nas catatumbas cristãs".
(E alguns ainda vivem nas "catatumbas".)
19. "Os egipícios dezenvolveram a arte das múmias para os mortos poderem viver mais".
(Precisa "dezenvolver" o cérebro. Será que egipício é para rimar com estrupício?)
20. "O nervo ótico transmite idéias luminosas para o cérebro".
(Esse aí não deve ter o tal nervo, ou seu cérebro não seria tão obscuro.)
21. "A Geografia Humana estuda o homem em que vivemos".
(I will survive.)
22. "O nordeste é pouco aguado pela chuva das inundações frequentes".
(Verdade: de São Paulo até o Nordeste, falta construir aquadutos para levar as inundações.)
23. "Os Estados Unidos tem mais de 100.000 Km de estradas de ferro asfaltadas".
(Juro que eu não li isso.)
24. "As estrelas servem para esclarecer a noite e não existem estrelas de dia porque o calor do sol queimaria elas".
(Hum... Desconfio que vai ser poeta!)
Fonte: Internet (frases selecionadas e comentários, sem autoria, circulando por e-mail).

A discrição e educação baiana...



No Shopping Iguatemi, um repórter de um jornal televisivo pergunta a  um sujeito, na praça de alimentação, ao vivo, em rede nacional:
- Por favor, você pode me dizer o que mais gosta de comer na vida? O que lhe dá mais prazer?
- C. com leite condensado.
- Qual é cara! Seja um pouco mais discreto e educado... Afinal, estamos numa transmissão ao vivo, em rede nacional:
- Que falta de respeito, onde está sua educação?
- Oh meu rei, por isso que disfarcei... Na verdade, eu não suporto leite condensado!
Fonte: Internet (circulando por e-mail).

sábado, 24 de agosto de 2013

MENSAGEM À ELZA GURGEL COELHO



Elzinha,
Teus irmãos e irmãs, cunhados e cunhadas, sobrinhos e sobrinhas e amigos devem ter muito a lembrar e falar do privilégio da tua convivência.
Quiçá, as opiniões de todos coincidam com as lembranças de um sorriso puro, gestos simples e conversa agradável que foram características marcantes dos teus 84 anos.
Características que, acrescidas de muitas outras, estiveram harmoniosamente dosadas na tua esperança e confiança nas pessoas e em dias melhores e, principalmente, na tua fé em Deus.
Fé esta tão viva e tão forte que, muitas vezes, nos passava a sensação de como somos pequenos frente às dificuldades e provações da vida.
Embora muito tempo sofrendo com a doença, cuidaste com zelo da nossa querida Almerindinha, realizaste teus trabalhos na Siqueira Gurgel por 30 anos e, semanalmente, dedicaste às atividades de catequese, da Ordem Terceira, dos Grupos de Evangelização, além de coroações de Nossa Senhora, novenas e trezenas e celebrações natalinas.
Recordamos e comprovamos a tua fortaleza nas consultas, exames, tratamentos e cirurgias.
Apesar das debilidades físicas que retiravam as tuas energias, continuavas, sempre otimista, acreditando que em algum momento vencerias a crueldade da doença.
E, realmente, venceste! Venceste, a tua maneira!
E, assim, nos prestigiaste com o teu exemplo de vida, de amor e respeito a Deus e ao próximo.
E, hoje, todos que te amam, te dizemos até breve, até nosso reencontro com o Pai.
Eternas saudades familiares e amigos.
Da sobrinha Mirna Gurgel
(*) Mensagem lida por Mirna Gurgel, após a missa de sétimo dia, celebrada em sufrágio da alma de Elza Gurgel Coelho, acontecida hoje, dia 24/08/2013, na Igreja Nossa Senhora das Dores, em Fortaleza.

CONVITE MISSA DE SÉTIMO DIA POR ELZA GURGEL



Hoje, completam-se sete dias do falecimento de nossa tia materna Elza Gurgel Coelho, em decorrência de doença invalidante que a acometeu por quase três décadas.
A família de Elza Gurgel convida para a missa de sétimo dia, a ser celebrada em sufrágio de sua alma, a acontecer hoje, dia 24/08/2013, às 19h, na Igreja Nossa Senhora das Dores, dos frades franciscanos menores, situada no bairro Otávio Bonfim, em Fortaleza.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

LANÇAMENTO DE “ESTÓRIAS ESCULAPIANAS”


Um viaduto não compensa um revólver na cabeça



Por Ricardo Alcântara (*)
Não “só ao jornal O Povo”, como disse o governador: a muitos não pareceu razoável que o palácio de governo pague uma média diária de três mil reais em serviços terceirizados de alimentação. O trocadilho é infame, mas inevitável: está salgado...
Mas nem vou me deter em razoabilidade. Meus hábitos de consumo são modestos e não me habilitam a conferir as comandas de quem governa um povo pobre com privilégios de um sultão iemita sentado em barris de petrodólares.
A tarefa, deixo para tribunais de contas e parlamentares que, como Heitor Férrer, cumprem suas atribuições de fiscalizar os atos do executivo, ainda que sob acusação de oportunismo e execração generalizada à sua árvore genealógica.
No episódio – de resto, uma previsível confirmação de um habitual pendor para o supérfluo – mais atenção chamou a reação do governador, desproporcional nos termos e desprovida de veracidade na sua improvisada argumentação.
Disse ele ter herdado contratos do governo anterior. Mentiu. Seu governo licitou a empresa. E duas vezes. Ainda que tenha sido sempre assim, eventual desvio de conduta anterior não o tornaria imune a igual juízo em caso de persistir no erro.
Indecorosa, de assustadora virulência, a afirmação de que o denunciante pertence, em sua cidade de origem, a uma família na qual ninguém é honesto. É provável que tenha ofendido a alguns eleitores seus, senão ao sentimento de toda a cidade.
Como antes tentara já com os “maconheiros do Cocó”, repete agora que somente ao jornal O Povo interessa noticiar o que lhe parece irrelevante, quando, de fato, para seu estilo a mídia nacional já reserva espaços em pautas de abordagem folclórica.
A combinação de agressividade nos termos e conteúdo inconsistente revela um homem emocionalmente esgotado, quando seus índices de aprovação já declinam sob a trilha furiosa dos tiroteios que fazem de sua polícia a impotência fardada.
Talvez lhe desespere descobrir que, à percepção pública, aspectos negativos de sua gestão se sobreponham àquilo que ele considera promissor em sua governança. É assim mesmo, governador: um viaduto não compensa um revólver na cabeça.
Entre a dispendiosa construção de uma ponte paisagística e nossas vidas, optamos por ficar mais uns dias por aqui. Entre a obra de um majestoso aquário e a paz em nossas ruas, ao mar com os peixes: queremos é nossos filhos longe dos traficantes.
E sabe aquele estaleiro barulhento que você queria enfiar como uma faca no peito da cidade? Maior bem nos fará sair às ruas sem medo de morrer na esquina. São nossas escolhas, governador. Você fez as suas. E aí, muita calma nessa hora...
(*) Jornalista e escritor. Publicado In: Pauta Livre.
Pauta Livre é cão sem dono. Se gostou, passe adiante.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Carta aberta em defesa do Náutico Atlético Cearense



Prezados Sócios e Amigos do Náutico,
Queremos informar a quem possa interessar, acreditando serem atingidos todos do nosso Estado, que está em curso uma iniciativa, do Atual Conselho e Diretoria do Náutico, que caso obtenha êxito, culminará com o arrendamento de quase toda a da sede do Clube, por 80 anos ou mais, para abrigar mais um Shopping e 4 edifícios. Acredito que na prática isto significará a extinção do Náutico. Esta medida está sendo apresentada aos sócios, PROPRIETÁRIOS DO CLUBE, como sendo a única e salvadora opção para que o Náutico não venha a fechar as portas ou venha a ser leiloado.
Foi dito em Carta aos associados, assinada pelos presidentes da diretoria e conselho do Náutico, respectivamente, que os obstáculos ao desenvolvimento do  Náutico deviam-se a fatores externos como a expressiva redução de cidadãos interessados na associação de clubes”, bem como às significativas dívidas tributárias acumuladas. Discordo veementemente desta premissa, bem como da iniciativa de arrendamento como está sendo proposta, por ter convicção absoluta de que há outros caminhos, e ainda tempo hábil para reverter o processo de declínio do Náutico. Recentemente foram alienados os últimos ativos patrimoniais que nos restavam, afora a sede (Terreno na Av. Abolição e Terreno na Av. Des. Moreira), além de um andar inteiro no Edifício C. Rolim, que foi posto a leilão há alguns anos, arrecadando-se com isso alguns milhões, que foram utilizados integramente para amortizar parte do débito existente e permitir a negociação do remanescente. Relembro estes fatos para refutar a idéia, que pode ter sido apreendida na Carta, de que o Leilão da Sede do Náutico está para acontecer a qualquer momento.
Vejo esta iniciativa de arrendamento por 80 anos praticamente como a venda do clube propriamente dita, sendo ainda pior, porque o pretenso arrendatário vai tomar conta do nosso clube, desembolsando apenas uma pequena parte do seu valor, e depois de ter o controle da situação, estaremos em suas mãos. A partir daí, ele terá o prazo extremamente confortável de 80 anos, ou mais, para adquirir o controle acionário do Náutico, comprando ações que surjam á venda. Por isso, digo a você Sócio Proprietário, que mesmo estando insatisfeito com a atual situação do Náutico, NÃO VENDA A SUA AÇÃO, vamos lutar pela sua preservação. Ao Sócio Contribuinte digo: Não deixe de participar de qualquer possível Assembléia Geral, você também tem direito a voto.
Discordo também da maneira como está sendo conduzido este processo. Os Sócios, notadamente os sócios proprietários, deveriam ter sido informado e consultados antes do denominado Chamamento Empresarial, feito em 17 de dezembro de 2012, portanto 64 dias antes da Carta Informativa aos Associados, em 27 de fevereiro de 2013. Considero que uma medida de tal magnitude, que enseja redução brutal na estrutura física do clube, bem como atinge cifra de centenas de millhões de reais, segundo o próprio Edital, não deveria chegar ao conhecimento dos sócios através dos jornais, sem uma devida consulta prévia. Conforme foi dito na carta, houve muitas consultas a advogados, economistas, engenheiros, arquitetos e administradores, a fim de elaborar-se o projeto piloto, esquecendo-se porém de consultar aos principais interessados, os Sócios Proprietários.
Logicamente não temos mais tempo a perder, temos que tomar medidas urgentes para soerguer o Náutico. Essas medidas devem começar por entender que o Náutico é uma empresa; tem CGC, tem que pagar impostos, e os seu principais clientes mantenedores são os seus sócios. Não se pode administrar um clube hoje como se administrava a 40 anos e não esperar que o mesmo não vá a bancarrota em um curto espaço de tempo. Diariamente milhares de empresas abrem e fecham, sejam elas restaurantes, hotéis, escolas, lojas, escritórios, academias ou clubes, e por diversos motivos, mas acho que o principal é não conseguir, em tempo hábil, entender que o maior patrimônio da empresa são os seus clientes, e que devem procurar incansavelmente conquistá-los , oferecendo sempre o que de melhor estiver disponível no mercado. Muitos clubes no Brasil, que compreenderam esta realidade a tempo, não só puderam se manter, mas também puderam crescer, algumas vezes incorporando outros clubes deficitários.
Como é possível hoje um Clube do Porte do Náutico não ter um Site em funcionamento e não se comunicar e prestar serviços aos seus clientes(sócios) pela Internet? Até me surpreendo com o tempo em que o Náutico está a resistir; atribuo isto aos sócios remanescentes, que pelo sentimento de ligação afetiva com o Náutico continuam a frequentá-lo e contribuir com ele, muitas vezes, só contribuir.
Tomei a iniciativa de responder à carta do Presidente da Diretoria Administrativa, Adv. Pedro Jorge Medeiros, em que o mesmo ao seu final, solicitava sugestões. Tornei esta missiva aberta aos sócios e demais amigos do Náutico, por acreditar que todas as informações nela inserida são de interesse comum aos que realmente querem a preservação do Náutico, em sua integralidade. Nela apresento os motivos da minha total discordância ao atual projeto do Conselho/Diretoria e também apresento algumas propostas para que as mesmas sejam estudadas e oferecidas aos sócios como opção. Estas sugestões tratam-se de medidas de médio prazo, por envolver informação, projeto, discussão e aprovação por parte dos sócios proprietários. Estas medidas, aliadas a profissionalização da Administração do Náutico, em que o Clube é a empresa, e o sócio, cliente, tem tudo para que o Náutico passe a ser referência não só de beleza arquitetônica, mas também em qualidade de prestação de serviço.
Quero não desmerecer, mas agradecer o trabalho dos Atuais gestores do clube, pois tenho ciência que sonegam seu tempo com a família e outros afazeres profissionais e particulares, para conduzir, sem nenhum remuneração, os destinos do nosso Náutico. Não podemos responsabilizá-los integralmente por eventuais insucessos na gestão do clube. Temos nós, sócios proprietários, que assumir a responsabilidade pela condução do destino do nosso clube, demonstrando de forma ordeira, mas firme, aos nossos representantes o que realmente almejamos para um Náutico cada vez Melhor. Sei que é fácil falar e difícil fazer. Por isso, temos que dedicar um mínimo de tempo para cuidar de um Patrimônio que não é somente nosso, mas de Utilidade Pública para o nosso estado e até, sem temer o exagero, para o Brasil.
Solicito aos sócios e demais amigos do Náutico, os quais se interessam em preservá-lo por completo, que tomem ciência dos fatos e depois se manifestem. Devemos demonstrar a nossa concordância ou insatisfação agora, ou talvez, em breve, seja tarde demais!
Embora a decisão final vá ser tomada pelos SÓCIOS em Assembleia Geral, devemos participar ativamente de todo o processo a partir de agora, para que haja um número expressivo de Sócios presentes nesta assembleia, e que assim a decisão tomada realmente represente a  vontade da maioria dos sócios.
Como diz a Máxima: “Quem Cala consente”, e não haveremos de ficar calados, a consentir o que não for do verdadeiro interesse dos sócios do Náutico.
Adriano Vasconcelos Accioly de Carvalho Sócio n. 65

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

CONVITE LANÇAMENTO DE “ESTÓRIAS ESCULAPIANAS”




A Unicred Fortaleza e a Academia Cearense de Medicina convidam para a noite de autógrafos de “Estórias Esculapianas”, livro do médico e economista Marcelo Gurgel Carlos da Silva, premiado pelo VIII Edital de Incentivo às Artes, da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, cuja renda será revertida para as ações beneficentes e evangelizadoras da Sociedade Médica São Lucas.
O livro e o autor serão apresentados pela Profa.. Giselda Medeiros, integrante das Academias Cearense e Fortalezense de Letras e Presidente de Honra da AJEB, durante a Célula de Arte e Cultura, realizada pela Unicred Fortaleza.
Local: Restaurante Dallas Grill - Av. Dom Luís, 1.219 - Meireles.
Data: 23 de agosto de 2013 (sexta-feira) Horário: 19h30.
Confirmar Presença: 4012-1125 (Rannielle).

terça-feira, 20 de agosto de 2013

ELSIE STUDART: uma vida produtiva e frutificante



Elsie Studart Gurgel de Oliveira nasceu em Acaraú-CE, em 28.08.1943, oitava filha de Benjamin Studart Gurgel e Olga de Sales Lopes Gurgel. Teve uma infância feliz no Acaraú, sorvendo tudo do que era possível dos recursos naturais e artificiais que o seu município poderia prover.
Fez o Primário em sua cidade natal, na Escola Normal Rural Virgem Poderosa, transferindo-se para Fortaleza, no final de 1956, para prestar o exame de admissão, na Escola Normal Justiniano de Serpa, onde fez o Ginásio (1957-60), e o curso Normal (1961-63), tornando-se professora normalista.
Cursou Letras, na Faculdade de Filosofia do Ceará (FAFICE), obtendo a licenciatura em Português / Inglês e respectivas literaturas, em 1973.
Começou sua vida profissional, em 1964, como professora da Campanha Nacional de Educandários Gratuitos – CNEG, lecionando Português e Geografia, em diferentes séries do Ginásio Domingos Paes, em Jaguaribara-CE.
Ingressou, em 1965, no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - DNOCS, por concurso público, para ocupar o cargo de Escriturária, progredindo para Oficial de Administração e Assistente de Administração, e com a mudança de cargo, para nível superior, ascendeu ao cargo de técnica em assuntos educacionais.
Em 1991, logo após a sua aposentadoria como funcionária pública federal, foi admitida no Instituto do Câncer do Ceará (ICC), de princípio, para coordenar serviços de secretaria do XII Congresso Brasileiro de Cancerologia. Passado o evento, foi convidada a permanecer na instituição, recebendo e cumprindo os mais diversificados encargos.
No ICC, Elsie Studart era membro do Comitê de Ética em Pesquisa, participava do Conselho Editorial da Revista Conexão ICC e integrava a Rede Feminina do ICC, além de emprestar sua experiência, como escritora e redatora, nas mais diferenciadas demandas, sendo responsável pela maioria dos discursos de caráter oficial.
Não menos importante foi o seu trabalho de revisora de trabalhos científicos, acadêmicos, organizacionais, conduzidos com apuro e, quase sempre, dispensando quaisquer emolumentos pelo serviço efetuado.
Pessoa de invejável cultura, cultora das letras, detentora de uma memória prodigiosa, exibia o dom da escrita, com inegável primor e aguçada sensibilidade, fazendo incursões em deferentes gêneros literários, como: biografias, panegíricos, discursos, crônicas, contos, ensaios, contos e poesias.
Como leitora contumaz, fez apreciação e/ou crítica literária de muitas obras, tendo ainda concorrido com prefácios, apresentações e posfácios de diversos livros. A essa produção, juntava-se também a participação pontual, com artigos publicados em jornais e revistas informativas, incluindo o Jornal do Leitor, de O Povo, com relativa frequência.
Elsie Studart tem o seu nome, na autoria ou coautoria, de dez livros; deixou pronto um livro, sobre o Dr. Haroldo Juaçaba, com lançamento agendado para 2014. Há ainda um livro de contos, mantidos inéditos, e material suficiente para a edição de mais dois livros póstumos.
Elsie estava casada há mais de cinquenta anos com Adbeel Goes de Oliveira, médico-veterinário, de cujo consórcio foram gerados seis filhos: Adbeel Filho, Alexandre, André, Adriano, Angelina e Igor.
A pranteada escritora faleceu em Fortaleza, em 25/07/2013, em decorrência de tenaz moléstia, no curso de três meses do diagnóstico, período em que procurou resolver as possíveis implicações de seu desaparecimento terreno, ao tempo em que se sujeitava aos tratamentos propostos, nutrindo a esperança de que superaria as vicissitudes da enfermidade, para dar seguimento à sua vida, sempre tão devotada a servir ao próximo.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Médico e economista em Fortaleza
* Publicado In: O Povo. Fortaleza, 20 de agosto de 2013. Jornal do Leitor. p.1.
 

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