terça-feira, 18 de março de 2014

HONRA E PATRIMÔNIO PÚBLICO UNIVERSITÁRIO DO CEARÁ



Maria Juraci Maia Cavalcante (*)
“Duas das maiores e mais prestigiadas universidades do País são estaduais: a USP e a Unicamp”
A política educacional e científica no Brasil parece indicar preocupação com a formação inicial e continuada de professores, sob a coordenação nacional da Capes, com vistas à melhoria do ensino básico; e do CNPq, no que tange ao estímulo à pesquisa para a formação superior e pós-graduada. Trata-se de empenho que poderá vir a fortalecer a interiorização da graduação, da pesquisa e da pós-graduação, que estiveram até hoje concentradas nas capitais e grandes centros urbanos.
Diante disso, deveríamos olhar com mais carinho o complexo UFC-Uece-Urca-UVA. Trata-se de sistema de ensino superior público formado, historicamente, pela ação política da igreja católica, da iniciativa privada e do Estado republicano. São universidades que resultaram de faculdades isoladas criadas na primeira metade do século XX. Quando reunidas, puderam constituir nossas universidades, na segunda metade do século passado. Pareciam impossíveis e hoje são patrimônio do Ceará.
Salientemos, que a rede de universidades federais e estaduais que temos no Brasil hoje foi formada também a partir de faculdades, colégios, seminários, exceto aquelas concebidas segundo plano de fundação universitária: UNB, Unicamp e as 14 universidades federais criadas na era Lula, em diferentes regiões do País. Existe hoje, portanto, uma rede brasileira de ensino superior.
Já ouvimos defesas locais da federalização do ensino superior. Estas omitem que duas das maiores e mais prestigiadas universidades do País são estaduais: a USP e a Unicamp. Por que não se vê governantes defendendo o fim destas duas instituições de ensino superior? Perguntamos por que isso ocorreria no Ceará, depois de tanta luta para tê-las, justo quando economistas credenciados o inserem otimistas, no ambiente do Nordeste, a região que mais cresce no Brasil, embora isso não lhe garanta, senão quem sabe no futuro, melhores indicadores sociais.
Na era da mobilidade espacial e comunicacional, não há mais como restringir o acesso ao conhecimento científico e à formação superior. Não haveria mais necessidade da juventude interiorana do Ceará se deslocar para Fortaleza ou a outras cidades e regiões, com vistas a ter acesso ao ensino superior. Resta à sociedade e governantes aquiescer que, longe de se pensar em suprimir ou acuar nossas universidades estaduais, deveríamos tratar de preservá-las. Nesse sentido, em meio a tantos transtornos, é esperada a efetivação da promessa do governo do Estado em começar por destinar mais verbas da Funcap para as estaduais, conforme comprometimento público recente, no seminário havido na Uece.
(*) Professora Titular da UFC
Fonte: O Povo, Opinião, de 18/3/14. p.7.

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