terça-feira, 25 de março de 2014

PRECONCEITO SUBLIMINAR




Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
O preconceito é um agente que se aloja na mente das pessoas a partir da infância e, tal qual um vírus de ação lenta e persistente, vai mostrando sua agressividade nas diversas etapas da vida. O contaminado, na maioria dos casos, desconhece ser portador-transmissor dessa patologia sócio biológica.
Não me refiro aos preconceitos explícitos: violência física, psicossocial, xenofóbica, antissemítica, homofóbica, contra índios, mestiços, negros ou ciganos. Esses são mais fáceis de criminalizar ou domesticar. No Brasil existe preconceito, negá-lo é como afirmar que a escravidão aqui foi branda, além de tantos outros disparates com os quais a nossa História Oficial tenta dissimular erros e horrores.
O mais difícil é como abordar o que denomino de preconceito subliminar. Subliminar neste caso refere-se a estímulos não suficientemente intensos para afetar o inconsciente individual - em comparação com o inconsciente coletivo, que é afetado. Sendo sentimento implantado desde a mais tenra idade, é muito difícil de ser eliminado. Quase impossível.
Desejar modificar a personalidade das pessoas é tarefa árdua, sendo essa uma das características mais estáveis do Homo sapiens. No caso do preconceito, seja explícito ou subliminar, encontra-se tão profundamente inserido no aparelho mental que seria a mesma coisa que tentar modificar o instinto de sobrevivência. Além do mais, o preconceito mobiliza a aversão subconsciente, atávica, ao novo ou ao diferente.
A espécie humana prefere a estabilidade desconfortável à incerteza do desconhecido. Mesmo que as mudanças sejam para melhor, o ser humano prefere a garantia do conhecido.
Os preconceitos sempre existiram e continuarão a existir; nascem na cabeça dos homens e das mulheres. É sentimento arraigado desde a vida embrionária.
É impossível remover o preconceito através da conscientização, seja pela educação ou por outro avanço psicopedagógico, após a mente já ter sido formada. Podemos, no máximo, diminuí-lo.
 “É mais fácil desintegrar um átomo do que desfazer um preconceito”. Albert Einstein
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).

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