quinta-feira, 29 de maio de 2014

NOSSO TEMPO É O MESMO



Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta

Para muitos sociólogos, antropólogos e acadêmicos o vocábulo geração designa as pessoas nascidas em determinado período de tempo. Seguindo tal critério, pela primeira vez na História, temos cinco gerações existindo no mesmo espaço de tempo. São elas:
01. Veteranos nascidos entre 1920 e 1939;

02. Baby boomers, nascidos entre 1940 e 1959;
03. Geração X, nascidos entre 1960 e 1979;

04. Geração Y, nascidos entre 1980 e 1999;
05. Geração Z, nascidos a partir de 2000 até 2019.

A anatomia humana não mudou e sim a duração da vida, seja devido aos avanços médicos e tecnológicos ou a melhorias das condições psicossociais.
Nos países em desenvolvimento (sic) as condições sociais e econômicas da grande maioria de seus cidadãos permanecem praticamente as mesmas há séculos. Já na Europa e nos Estados Unidos o número de idosos (> 60 anos) cresceu gradativamente, acompanhando as evoluções técnica, científica e econômica.

No Brasil, a população de idosos sofreu um súbito aumento - o “Boom de Idosos” - sem que tivessem ocorrido grandes melhorias socioeconômicas ou educacionais. A pirâmide demográfica deixou de ser pirâmide para se tornar algo disforme. A sua base encolheu (menos crianças nascendo) e o seu ápice, que representa o percentual de idosos, outrora pontiagudo, ficou mais bojudo... Enquanto que a parte central do desenho triangular alargou-se, representando o número cada vez maior de jovens na população.
A Geração Y (os nascidos entre 1980 e 1999) e as seguintes terão que enfrentar o problema do que fazer com os idosos.

Passeando pelo poeta Carlos Drummond de Andrade (1902- 1987): os velhos abstêm-se de fazer uso da experiência, preferindo recomendá-la aos outros (conferir no livro O Avesso das Coisas. – Aforismo).
O problema não são os jovens e sim os idosos; os jovens, sempre foram do jeito que são, com ou sem Internet ou liberdade sexual. Já os idosos continuam trombudos, na sua maioria. Assim, quem tem que mudar é o idoso.

Será que os meus colegas (evito a palavra ‘companheiro’ por razões óbvias) de geração não conseguem aprender que para deixarmos de ser velhos basta dialogar? Não existe mais o tal do ‘meu tempo’.
O Tempo é o mesmo para todos que estão vivos e lúcidos

(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).

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