quarta-feira, 30 de julho de 2014

HUMOR JUDAICO (Nada contra os Carpinteiros)


Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta

(Prefiro protestos a receber condolências)
Golda Meir (1898- 1978)

O humor judaico é uma das grandes heranças desta forma de expressão humana.
Seu mais eficaz instrumento é fazer graça de suas próprias características com dolorosa e infeliz sutileza. Espelha a história do povo judeu. Reflexo das suas alegrias e angústias, anseios e desalentos. Exprime suas infindáveis aspirações por um Mundo no qual justiça, misericórdia, compreensão e igualdade prevalecerão, não só para si, mas para todos os povos.
Mas, será que existe mesmo um humor judaico?
Sim, ele existe e faz graça da própria desgraça. A técnica foi aperfeiçoada por anos e anos de perseguições, tendo nascido no século XIX, nos shetls, palavra em iídiche que se refere aos miseráveis povoados, vilas ou aldeias da Europa Oriental, onde eles eram permitidos morar.
O shtetl surgiu como resultado de dois processos intimamente relacionados: primeiro, a exclusão social dos judeus e sua permanência, apenas, em determinadas áreas (conhecidas como Zonas de Residências Judaicas); e, segundo, a restrição dos seus direitos, como o de circulação nas cidades, o de exercer cargos no governo e a posse de campos de cultivo.
Vale salientar que o confinamento dos judeus, e suas Zonas Especiais de Residência facilitaram a política nazista da chamada Solução Final da Questão Judaica (Endlösung der Judenfrag), cuja ocorrência é negada por muitos líderes atuais.

Mas vamos ao que interessa na conjuntura internacional, atual.
Israel Invade a Faixa de Gaza bradam as mídias. Judeus ou Israelenses estão praticando genocídio.

 Pertinente relembrar uma anedota que correu mundo na época do pré-nazismo.
 “Uma criança loira brincava em um das alamedas de um dos bosques de Viena. Nisto surge um leão (fugido de um circo) prepara-se para dar o bote. Todos fogem, apavorados. Um transeunte ao dar-se conta do perigo, saca de arma, abate a fera”.

Manchete dos jornais do dia seguinte:
Herói anônimo abate perigoso leão/Salva a vida de uma criancinha/Herói arrisca a própria vida para salvar uma menina.
Dois dias após, um repórter investigativo descobre que o herói era — um judeu.
Nova manchete:
“Judeu desalmado mata indefeso leão/Leão desarmado é morto a tiros por perverso judeu...”.

 Esta é a reposta que tenho quando perguntam do que acho sobre o direito de Israel invadir a Faixa de Gaza. Seja lá como for “prefiro protestos" a receber condolências (Golda Meir 1898-1978), primeira ministra de Israel, filha de um carpinteiro. Nada contra os carpinteiros. Profissão honrada.

(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).

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