terça-feira, 2 de setembro de 2014

MEDALHA DO BOTICÁRIO PARA MUTTLEY


A coluna do jornalista Alan Neto, publicada em O Povo, de 24/08/2014, trouxe a seguinte nota: “Comenda maior da Câmara Municipal, infelizmente, Medalha Boticário Ferreira banalizou-se. A cada semana um escolhido. Feira livre na frente virou fichinha.”
Não é de hoje que jornalistas denunciam a forma descabida com que a Câmara Municipal de Fortaleza (CMF) concede suas honrarias, ao arrepio da Lei Orgânica do Município, que busca frenar tais outorgas.
A CMF dispõe de um menu honorífíco de cerca de meia centena de medalhas, placas, comendas etc., com os mais diferentes sabores temáticos, genéricos ou específicos (e.g. saúde, educação), para aquinhoar os cidadãos, patrícios ou adventícios, merecedores ou não, desses galardões. No entanto, a preferência das homenagens recai na Medalha Boticário Ferreira.
A Medalha Boticário Ferreira, proposta originalmente apresentada pelo intelectual Barros Pinho, foi instituída pela CMF, por meio da Resolução 813/1981, com a intenção de homenagear aqueles que prestaram serviços relevantes à comunidade de Fortaleza.
A farta distribuição da Medalha Boticário Ferreira pela CMF é algo que tem incomodado a muitos formadores de opinião, tanto pela quantidade quanto pela inobservância de critérios justos na concessão, porquanto a definição dos seus agraciados depende tão somente da vontade de vereadores, ensejando a que alguns deles façam o uso esbanjado da proposição.
         Há, naturalmente, pessoas dignas e ilustres entre os contemplados, cujos méritos honram mais a própria outorga, porém esses ficam ofuscados entre tantos outros que foram homenageados por mero capricho ou por interesses privados de certos edis.
A profusão anárquica dessas láureas implica a banalização da comenda e desprestígio aos beneficiados meritórios, e, quiçá, incitar o aparecimento de um suposto Movimento dos Cidadãos Sem a Medalha do Boticário (MCSMB).
Aliás, já houve até a sugestão à CMF de se  uma joint venture com certa famosa perfumaria, para inserir o galardão nos kits promocionais dessa marca de perfumes, o que tornaria a Medalha do Boticário de aroma agradável.
Para completar o achincalhe, e em desrespeito à memória de Barros Pinho, só resta um vereador propor a “Medalha do Boticário” ao Muttley, o cachorro rabugento, da Hanna-Barbera. A solenidade de entrega seria demais animada, talvez contando com a presença do Dick Vigarista e da doce Penélope Charmosa.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Médico e economista em Fortaleza
* Publicado In: O Povo, Opinião, de 28/08/2014. p.10.

 Nota do Blog: O artigo acima não foi direcionado a qualquer condecorado, antigo ou recente, ou escrito movido por ressentimento pessoal. Ele teve por fagulha o comentário exposto no seu primeiro parágrafo, fazendo relembrar a série de textos sobre a Medalha Boticário Ferreira que o autor publicou na mídia local entre fevereiro de 2004 e setembro de 2006.

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