sábado, 8 de novembro de 2014

MICRÓBIOS DA MADRUGADA


Em uma cidade do interior cearense, nos anos setenta, o médico foi despertado em casa, às três horas da madrugada, para ir ao hospital, a fim de fazer um atendimento de urgência. Era uma curetagem uterina pós-abortamento.
Ainda sonolento, o médico generalista, do tipo “interiorologista”, porque fazia de tudo para prover serviços de saúde aos cidadãos necessitados, mesmo com a limitação dos recursos locais, levantou-se prontamente, para atender ao chamado.
Durante o procedimento, acompanhado por uma freira e enfermeira da ordem mantenedora do hospital, o dito médico, talvez sob o efeito do sono, deixou cair no chão a cureta que usava. Como não havia outra esterilizada, naquele momento, o médico apanhou-a, passou na sua bata, para seguir com a intervenção.
Nesse instante, ele foi interrompido pela freira, que o advertiu:
– Doutor! E os micróbios, Doutor!?
Ao que o médico justificou:
– Irmã, numa hora dessas, não tem micróbio acordado, não! Só os bestas, como a gente.
Por sorte, ou por ajuda divina, a paciente teve alta no dia seguinte, bem e livre de complicações.
* Publicado, originalmente, In: SILVA, M.G.C. da. Medicina, meu humor! Fortaleza: Edição do Autor, 2012; e republicado In: SOBRAMES-CEARÁ. Digno de nota. Fortaleza: Sobrames-CE/Expressão, 2014. 304p. p.210.

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