domingo, 15 de fevereiro de 2015

O CHEFE DO GALINHEIRO

Por Reinaldo Azevedo
Leia trecho:

Uma espécie de jacobinismo sem utopia – formado de preconceitos contra o capital e sem nenhuma imaginação– estava tomando conta do noticiário sobre a Operação Lava Jato. Alguém ainda acabaria sugerindo que se enforcasse o último defensor do Estado burguês com a tripa do último empreiteiro.
A distorção era fruto da hegemonia cultural das esquerdas no geral e do petismo em particular, financiada, em parte, pelos... empreiteiros! A história não é plana.
Era assim até ontem – refiro-me ao tempo físico propriamente, não ao histórico.
Nesta quinta, veio à luz parte do conteúdo do depoimento de Pedro Barusco à Justiça. Ele estima que, entre 2003 e 2013, João Vaccari Neto, o tesoureiro do PT, recebeu entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões de propina decorrente de contratos das empreiteiras com a Petrobras.
As empreiteiras são, até aqui, as vilãs do petrolão – e não sugiro que sejam transformadas nem em vítimas nem em heroínas. A questão é saber quem dispõe do aparato legal para regular, punir e reprimir. É o Estado. E esse Estado, fica cada vez mais evidente, foi tomado de assalto.
(...)
Não se trata de saber se empreiteiros corrompem porque o PT se deixa corromper ou se o PT se deixa corromper porque empreiteiros corrompem.
É besteira indagar quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha. A resposta não está entre a ontologia e a zoologia.
A questão que importa é saber quem mandava no galinheiro.
Fonte: Veja/Minha Coluna na Folha, de 6/02/2015.

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