sexta-feira, 5 de junho de 2015

A CRISE NA SAÚDE, UMA REFLEXÃO

Anastácio de Queiroz Sousa (*)
“Em geral não há responsabilização daqueles que comentem falhas no exercer de suas funções”
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como: um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não a mera ausência de doença. No Brasil, estamos muito distantes desta condição definida pela OMS, pois a luta no dia a dia das pessoas é para conseguir pelo menos tratamento para os seus males físicos.
Ficam em segundo plano, saúde mental, laser, moradia… , porque há falhas por parte dos governos e também das pessoas em cuidar da saúde.
Temos que reconhecer que houve melhorias importantes, mas mesmo assim, temos de admitir que o nosso sistema de atenção à saúde é em muitos momentos e lugares, deficiente, de baixa qualidade e desumano. Falta a real integração entre os três níveis de governo.
Os níveis de atenção (primário, secundário e terciário) não funcionam de modo integrado e apresentam uma resolutividade abaixo do que poderiam oferecer. Observa-se déficit de planejamento, de vigilância sanitária, de vigilância epidemiológica, de avaliação, de controle e de treinamento e por isto há um déficit de qualificação. Em geral, não há responsabilização daqueles que comentem falhas no exercer de suas funções. Vivemos um momento de grande carência de pessoal qualificado em quase todas as instituições. No sistema de saúde, as ações têm sido, via de regra, reativas e pouco proativas.
A não priorização do mérito e a falta de investimento em áreas prioritárias, dentro de uma análise técnica qualificada, torna muito difícil melhorar a resolutividade do sistema de saúde. Associado a todos os problemas mencionados, vivemos uma epidemia de violências multifatoriais, que sobrecarregam as instituições assistências de modo crescente. Precisamos avaliar de modo detalhado os problemas, para que possamos propor soluções.
A alocação de mais recursos para a saúde deve ser prioridade, em virtude de uma multiplicidade de fatores que tornam a inflação na área da saúde bem mais alta que a inflação financeira. Somente teremos uma saúde pública de qualidade quando cada governante priorizar a saúde das pessoas, do mesmo modo que priorizam a sua saúde e a de sua família.
(*) Médico infectologista e professor Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará. Membro da Academia Cearense de Medicina.
Fonte: Publicado In: O Povo, Opinião, de 30/5/2015. p.11.

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