quarta-feira, 30 de setembro de 2015

O BRASIL ANEDÓTICO LXXIII


A MORTE DE LAURINDO RABELO
Melo de Morais Filho - "Artistas do meu tempo", pág. 182.
De origem cigana, Laurindo Rabelo tinha de ser, e era, fatalista. Semanas antes da sua morte, era comum ouvi-lo dizer, com profunda convicção:
- Deixarei de existir no dia e mês em que morreu meu pai.
E assim sucedeu, efetivamente. No dia em que tinha de fechar os olhos, pediu que chamassem um padre, pois desejava receber a extrema unção. Este compareceu, e o poeta, sabendo-o no compartimento anexo, abraçou a esposa, pedindo-lhe:
- Lê para mim a oração dos agonizantes.
E após a leitura, afagando-a:
- É bom que eu morra primeiro, para te ensinar como se morre...

O CALO
Ernesto Sena - "Notas de um repórter", pág. 186.
Paula Ney, o maior desperdiçador de talento que o Brasil já possuiu, não perdoava os seus desafetos e, ainda menos, as nulidades pretensiosas que prosperavam no seu tempo. Conservava-se, uma tarde, em um grupo na rua do Ouvidor, sobre o prestígio da imprensa, quando um presentes, que se dizia jornalista, aventurou, acaciano:
- A imprensa é um grande corpo...
- É... é... - atalhou Paula Ney, piscando por trás do "pince-nez". - A imprensa é um grande corpo. Mas você, nesse corpo...
E sem temer a reação:
- É o calo do dedo mínimo do pé esquerdo!...

O COMBOIO
Contada ao colecionador.
Eleito o conselheiro Rodrigues Alves, em 1918, para a presidência da República, mandou chamar ao seu leito de enfermo o dr. Artur Neiva, então diretor da Higiene de S. Paulo, perguntando-lhe se aceitava, no seu governo, a direção da Saúde Pública.
- E eu tenho que deixar a Higiene aqui em S. Paulo? - indagou o convidado, que é fanático pelo Estado natal.
- Naturalmente.
- Então, V. Excia. me perdoe mas eu não aceito. O meu cargo, aqui, é mais honroso do que qualquer outro.
E numa definição do Brasil, que fez sorrir de vaidade o velho presidente paulista:
- S. Paulo, sr. conselheiro, é uma locomotiva poderosa, arrastando vinte vagões vazios!

O ORGULHO DE MORAIS E BARROS
Ernesto Sena - "Notas de um Repórter", pág. 229.
Era Prudente de Morais presidente da República, e Morais e Barros, seu irmão, senador por São Paulo, quando, uma tarde, se encontraram na rua do Ouvidor, a um mesmo tempo, este último e os deputados Augusto de Freitas, da Bahia, e Prisco Cavalcante, de Minas. Como o paulista e o mineiro não se conhecessem, Augusto de Freitas fez as apresentações:
- O deputado Prisco Cavalcante, de Minas... O senador Morais e Barros, irmão do sr. Prudente de Morais...
- Perdão! - protestou Morais e Barros, com gravidade. - Eu sou seu irmão mais velho.
E circunspecto:
- Prudente é que é meu irmão...
Fonte: Humberto de Campos. O Brasil Anedótico (1927).

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Defesa de Dissertação em Saúde Coletiva (UECE) de Tatiana Ribeiro


Aconteceu na tarde de ontem (28/9/15), na Universidade Estadual do Ceará, a defesa de Dissertação de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPSAC) da UECE.
A banca examinadora, composta pelos Profs. Drs. Maria Salete Bessa Jorge, Mauro Serapioni, Marcelo Gurgel Carlos da Silva e Mardênia Ferreira Vasconcelos, aprovou a Dissertação “Avaliação das pesquisas sobre acolhimento e vínculo da Atenção Primária de Saúde: um olhar participativo”, apresentada pela mestranda TATIANA MARIA RIBEIRO SILVA, orientada da Profa. Dra. Maria Salete Bessa Jorge.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Professor do PPSAC-UECE

FORMAÇÃO DE BONS MÉDICOS: um imperativo social


Lúcio Flávio Gonzaga Silva (*)
O Brasil possui 257 escolas de medicina, 2º no mundo, perde apenas para a Índia (381), que tem uma população seis vezes maior. São Paulo (44), Minas Gerais (39), Rio de Janeiro (19). O Ceará tem oito, quatro em Fortaleza.
Do total das escolas médicas brasileiras, 60% são privadas, com prestações mensais que variam de R$ 3.0140 a R$ 11.706,15, média de R$ 5.399,17.
Nos últimos quatro anos, foram abertas 81 escolas de medicina (60% privadas). Quase igual à quantidade em 186 anos (82), desde a primeira, a Faculdade de Medicina da Bahia (1808).
Qual é a preocupação? As entidades médicas, o Conselho Federal de Medicina, a AMB e a Abem preocupam-se com a qualidade da formação daquele médico que atende e que atenderá por muitos anos o paciente brasileiro.
Ninguém é contra a criação de boas faculdades de medicina. Exemplo, as de Fortaleza, que têm estruturas adequadas para formar bem. São quatro, uma federal (UFC), uma estadual (Uece), duas privadas, Unichristus e Unifor, todas com boa estrutura e adequado quadro de professores.
O que preocupa são aquelas sem a condição mínima para formar um bom médico. O momento e o local ideal para o futuro médico aprender com bases sólidas é na faculdade de medicina. Oportunidade única, não há outra: depois, quase impossível.
É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática (Paulo Freire, “Pedagogia da autonomia”).
É o cenário de prática principalmente, mas também a qualificação dos professores, o foco maior de nossa inquietação. Há 36 cidades autorizadas a criar novas escolas privadas no Brasil, a maioria não atendendo às condições mínimas exigidas pelo próprio MEC.
Um último edital, recentemente, pré-selecionou outras 22 cidades do Norte, Nordeste e Centro Oeste [5 do Ceará (Crateús, Iguatu, Itapipoca, Quixeramobim e Russas)], para ofertarem escolas privadas. Não somos radicalmente contra, absolutamente, discutirmos a necessidade de estrutura adequada ao ensino (hospitais de ensino com infraestrutura a receber acadêmicos para aulas práticas) e, obviamente, professores qualificados.
A sociedade exige bons médicos. Às escolas, a obrigação de formá-los bem. Primeira preocupação, enquanto assistimos a essa desmedida proliferação de faculdades de medicina.
O futuro médico aprende na beira do leito do paciente, ao lado do professor. É assim há séculos.
(*) Médico, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e conselheiro do Conselho Federal de Medicina.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 8/09/2015. Opinião. p.9.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

NOTA PÚBLICA: Saúde é Política de Estado


Dilma, preserve os interesses públicos na saúde! Saúde é Política de Estado
As entidades Cebes e Abrasco reafirmam a luta histórica pela Democracia, Desenvolvimento e Saúde, e manifestam indignação e repúdio à iniciativa do governo de transformar a Saúde e o SUS em “moeda de troca” neste perverso jogo político instalado no país. Ao colocar o Ministério da Saúde à disposição da “dança das cadeiras” dos ministérios e, na tentativa de uma possível conciliação com os setores mais retrógrados da política nacional em troca de uma momentânea “governabilidade”, o governo Dilma submete à negociação de alto risco os rumos do direito à saúde, do SUS. Essa atitude é inaceitável e significa mais uma derrota para o Movimento da Reforma Sanitária e o projeto constitucional para a saúde. 
Sempre defendemos e lutamos pelo direito universal à saúde a partir de um lugar central no projeto de desenvolvimento assim como pelo caráter publico e universal do SUS como Política de Estado e, para isso, o Ministério da Saúde tem papel estratégico nos governos na construção da justiça social, dos direitos sociais e da cidadania. É por isso que a Saúde não pode servir como moeda política tal como ocorre nesse momento em que estão em jogo a governabilidade de uma coalisão inviável historicamente assim como as eleições municipais de 2016. Esse acordo intensifica ainda mais a onda conservadora e fisiologista no país. Vale lembrar que à época do mensalão, a Saúde e a Previdência foram, também, negociadas pela governabilidade. Agora, na crise do “petróleo”, a história se repete mais uma vez, sob a forma de farsa.
Assim, repudiamos veementemente que a gestão do Ministério da Saúde seja exercida por grupos e gestores que nunca demonstraram compromisso efetivo com o SUS único, universal e com integralidade e que, ao contrário, compõe as forças cada vez mais hegemônicas da mercantilização e financeirização do setor. Este grupo articulou a aprovação da entrada do capital estrangeiro, propõe universalização de planos privados e barrou projetos de financiamento público na saúde, possui raízes e alianças políticas, com as operadoras de planos e seguros privados, com a indústria farmacêutica e com o setor privado da saúde no Brasil.
É fato que esse grupo já constrange governos e ministros, mesmo os mais progressistas e ideologicamente alinhados com o projeto do SUS e da reforma sanitária que, de alguma forma, aderem ou facilitam os espaços a consecução dos respectivos interesses. A pergunta que surge é, o que esperar de um ministro com essa origem e compromisso explicito, financiado pelo mercado da saúde, defensor do conteúdo privatista do conhecido Livro Branco da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) e que não se compromete com o SUS público tal como definido pela Constituição à frente da condução do Ministério da Saúde?
Além disso, esse grupo político ao longo de sua historia nunca ofereceu a fidelidade e coerência necessárias ao governo à saída dessa grave crise política construída e ampliada por eles próprios, revestindo-se de atitudes antidemocráticas e “golpes” dentro da institucionalidade. Entendemos como temeroso o momento político, ameaçando não só os avanços em torno das políticas sociais e do SUS, mas da própria democracia. Diante do preocupante cenário, é fundamental que o Movimento da Reforma Sanitária, e os demais movimentos sociais, populares, políticos e acadêmicos radicalizem a sua defesa em torno do direito à saúde como objetivo central do desenvolvimento, do SUS público universal e de qualidade e da Democracia nacional.
Não se trata de defender nomes, mas reafirmar intransigentemente o projeto político para a saúde que o Brasil vem construindo desde a década de 1980, sacramentado na Constituição Federal, e que está sob risco particularmente nesse cenário complexo de forças e hegemonias contraditórias. A militância da Reforma Sanitária e do SUS carregam 25 anos de consternações com os seguidos desastres do subfinanciamento acoplados á construção de outro modelo de atenção á saúde não universalista distanciado da base constitucional dos direitos de cidadania.
O SUS atualmente atravessa uma crise de financiamento sem precedentes gerando um déficit 5,8 bilhões em 2015 e 17 bilhões em 2016. Nesse momento em que estamos mobilizados em torno da 15ª Conferência Nacional de Saúde, reafirmamos a necessidade de nova fonte vinculada, suficiente e estável. Clamamos por avanços, construindo alternativas e estratégias e não podemos assistir passivamente a essa decisão do governo, que não pode, mais uma vez, trair o projeto da Reforma Sanitária.
O Cebes, a Abrasco, a ABrES e a APSP se posicionam firmemente contrários a tais retrocessos, e convocamos a reação dos militantes pelo direito à saúde para organizar manifestações em torno do fortalecimento da luta pela consolidação do SUS público, universal, gratuito e de qualidade, construído com ampla participação popular e com o controle social, preservando os interesses coletivos e a garantia de avanços efetivos.
Pelo direito à saúde, por um SUS público, universal e integral, pela preservação do Ministério da Saúde do abominável jogo político. Por Saúde, Democracia e respeito e preservação das instituições democráticas! 

Centro Brasileiro de Estudos de Saúde: CEBES
Associação Brasileira de Saúde Coletiva: ABRASCO
Associação Brasileira de Economia da Saúde: ABrES
Associação Paulista de Saúde Pública
FONTE: Internet (sites diversos e e-mails).

domingo, 27 de setembro de 2015

SANDUICHE DE TRABALHADOR


Chargista: Indecifrável ou não explícito.
Fonte: Circulando por e-mail (internet).

NEM DILMA... E NEM AÉCIO


Chargista: Genildo
Fonte: Circulando por e-mail (internet).

sábado, 26 de setembro de 2015

SEREIA DE OURO PARA ELIAS SALOMÃO E LÚCIA ALCÂNTARA


Foto: Ana Margarida Rosemberg
Em noite de gala, o Grupo Edson Queiroz agraciou os quatro homenageados com o seu prestigiado troféu Sereia de Ouro, em solenidade ocorrida ontem, dia 25 de setembro de 2015, no Theatro José de Alencar.
A premiação deste ano foi conferida ao engenheiro Cid Ferreira Gomes, ao médico Elias Geovani Boutala Salomão, ao educador Jesualdo Farias e à médica Lúcia Maria Alcântara de Albuquerque.
A Academia Cearense de Medicina fez-se representar na solenidade por seu Pres. Vladimir Távora, acompanhado dos confrades e confreiras Acs. Adriana Costa e Forti, Ana Margarida Rosemberg, Ari Ramalho, Glaura Ferrer, Hiram Rabelo, João Evangelista Bezerra, Manassés Fonteles, Pedro Henrique Saraiva Leão, Roberto Misici, Sérgio Juaçaba, Zélia Petrola e Marcelo Gurgel.
A Academia Cearense de Medicina sente-se dignificada por ter mais dois dos seus integrantes, os Ac. Elias Salomão e Lúcia Alcântara, na Galeria dos contemplados com a Sereia de Ouro.
Ac. Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Membro titular da ACM – Cadeira 18

CONVITE: Celebração Eucarística da SMSL - Setembro/2015


A Diretoria da SOCIEDADE MÉDICA SÃO LUCAS (SMSL) CONVIDA a todos para participarem da Celebração Eucarística do mês de SETEMBRO/2015, que será realizada HOJE (26/9/2015), às 18h30min, na Igreja de N. S. das Graças, do Hospital Geral do Exército, situado na Av. Des. Moreira, 1.500 – Aldeota, Fortaleza-CE.
CONTAMOS COM A PRESENÇA DE TODOS!
MUITO OBRIGADO!
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Da Sociedade Médica São Lucas

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

UMA TRAJETÓRIA DE DEDICAÇÃO À SAÚDE PÚBLICA



A médica Lúcia Maria Alcântara de Albuquerque será uma das homenageadas com o 45º Troféu Sereia de Ouro. Além dela, receberão a comenda o engenheiro Cid Ferreira Gomes, o médico Elias Giovani Boutala Salomão e o professor Jesualdo Pereira Farias.

A médica Lúcia Alcântara: uma vida de combate ao câncer (Foto: FABIANE DE PAULA).
 

Antes de ingressar no curso de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), a então estudante Lúcia Maria Alcântara de Albuquerque já frequentava o Centro Acadêmico XII de Maio, no campus universitário. Era movida pela vocação e o interesse pela profissão que abraçou. Cinquenta anos depois, a médica é referência no tratamento de câncer. Tanto que o Instituto do Câncer do Ceará, onde a oncologista atua desde 1975, nominou de "Centro de Radioterapia Dra. Lúcia Alcântara" a unidade do hospital que ela ajudou a construir.
De início, Dra. Lúcia não escolheu a especialidade em oncologia. O interesse surgiu em paralelo aos primeiros avanços tecnológicos em prol da radioterapia. Sua carreira médica, desde então, é indissociável dessa progressão. "Antes, parecia haver pouco a ser feito pelos pacientes", recorda. "Hoje, temos uma equipe de médicos e físicos para tratar uma neoplasia, por exemplo, poupando mais as estruturas vizinhas do organismo. A história do ICC cresce junto disso. Nós fomos superando os desafios de uma entidade filantrópica", orgulha-se.
Com uma passagem pelo Rio de Janeiro, onde fez residência médica no Instituto Nacional do Câncer, e cursou especialização em radioterapia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ), ambas na década de 70, Dra. Lúcia reverencia o trabalho do ICC na educação. Destaca os cursos de mestrado e doutorado em cancerologia do Instituto. E exalta a interdisciplinaridade do tratamento, envolvendo, além dos médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, entre outros profissionais da saúde.
Tratamento
Dra. Lúcia tem a vida pautada como especialista em radioterapia, reconhecida pela Associação Médica Brasileira e Sociedade Brasileira de Cancerologia. Dedica-se, entre projetos profissionais, filantrópicos e a rotina familiar, ao Instituto do Câncer do Ceará (ICC), espaço de referência em tratamento oncológico no Estado.
Voltada à formação e à clínica, ela teve sua carreira marcada por títulos e homenagens. Dentre os mais recentes, em 2005 tomou posse como membro titular da Academia Cearense de Medicina. Em 2009, foi eleita presidente da Rede Feminina do ICC.
A Rede Feminina, explica ela, movimenta-se no País todo, em apoio aos pacientes em situação econômica desfavorável. No Ceará, o movimento articula-se pelo projeto Casa Vida, espaço de apoio que abriga temporariamente pacientes residentes no interior. "Lá, eles têm não só o acompanhamento médico, mas contam também com a assistência psicológica e nutricional. Aprendi, durante a residência no Rio, a conviver com o sofrimento do paciente e de sua família. Eles ficam muito marcados pelo diagnóstico, pelo selo da doença. Inauguramos uma nova sede, em novembro. Esperamos que a sociedade se sensibilize para ajudar: promovemos bazares, festas, para arrecadar recursos e oferecer algo de melhor para eles", detalha a médica.
Trajetória familiar
Dra. Lúcia é de uma família de tradição na medicina e na política cearense. O pai, Waldemar Alcântara (1912-1990), médico, também foi governador, senador, deputado estadual e federal pelo Estado. O irmão, Lúcio Alcântara, seguiu trajetória similar. Filha de Maria Dolores de Alcântara e Silva, teve três irmãos: Luiza, Lúcio e Lília.
Enquanto vivia no Rio, Dra. Lúcia começou a namorar o engenheiro Antônio Carlos Ponte de Albuquerque, com quem se casou e teve dois filhos: Ciro e Carlos. "Nos conhecemos ainda no Ceará. Ele foi fazer mestrado em Engenharia no Rio e lá nos reencontramos", lembra. Ela admite que conciliar os cuidados com a família e a profissão foi um desafio superado com esforço. A dedicação à família segue com o tempo que ela passa com os três netos.
Todas as terças, Dra. Lúcia conta que a família se reúne na sede da Fundação Waldemar Alcântara para se confraternizar, além de discutir projetos e preservar a memória do pai. A instituição é conhecida por sua atuação no campo da cultura. O espaço, no bairro do São João do Tauape, é o mesmo para onde a família se mudou depois de viver durante anos no São Gerardo.
A comenda
Dra. Lúcia Maria Alcântara de Albuquerque é o terceiro membro da família a receber o Troféu Sereia de Ouro. Ela faz questão de lembrar que a comenda foi entregue ao pai, Waldemar, em 1975; e, em 1997, ao irmão Lúcio Alcântara. "Fiquei admirada por ser contemplada com esta homenagem. Nunca pensei, antes, em receber o prêmio, observando o perfil das personalidades que já receberam antes", conta.
"Esse Troféu Sereia de Ouro que recebo não é apenas meu, mas do Instituto do Câncer do Ceará. Desde os fundadores, a direção, o corpo clínico e, particularmente, a equipe de radioterapia. Também dedico a todos os profissionais de saúde, aos colaboradores do ICC e aos pacientes, sobretudo os mais humildes, que procuram não só o tratamento, mas o nosso acolhimento", declarou.
Fonte: Diário do Nordeste, de 24/09/17. Caderno 3, p.1.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

A UECE E A UAB NO CEARÁ


Fábio Castelo Branco (*)
Nestes sete anos no Sistema UAB, a Uece ofereceu mais de 4 mil vagas, tendo formado mais de 1.200 alunos
A Universidade Estadual do Ceará (Uece) foi a primeira instituição de ensino superior do Ceará a ter ação no Interior do Estado. Numa região que convive com grandes adversidades naturais e apresenta elevada iniquidade social e econômica, a educação da população é certamente o caminho para qualquer possibilidade de mudança.
Em 2005, o MEC implantou o Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), que se caracteriza como uma parceria entre as esferas federal, estadual e municipal para o desenvolvimento da modalidade de Educação a Distância (EaD), que tem como principal finalidade expandir e interiorizar a educação superior no País.
O Brasil precisa amadurecer como País para não continuar a patinar indefinidamente em crises econômicas que repercutem sobre a educação, pois, apesar de o Governo ter como slogan “Brasil Pátria Educadora”, um dos principais alvos dos cortes no orçamento tem sido no MEC, prejudicando os vários programa na área da educação e, entre eles, o Sistema da UAB.
Nestes sete anos no Sistema UAB, a Uece ofereceu mais de 4 mil vagas, já tendo formado mais de 1.200 alunos em 19 municípios do Ceará.
Apesar dos números e dos aspectos positivos, hoje a UAB trabalha no limite dos seus recursos o que pode inviabilizar a continuidade do sistema em todo o Brasil.
Defendemos que o orçamento para o Sistema UAB seja mantido e o Edital nº 75/2014 tenha continuidade com início dos novos cursos em 2016, no qual tem aprovadas 197 mil vagas em todo o Brasil, sendo 3.900 vagas ofertas pela Uece.
Importante destacar que, no Ceará, o uso das novas tecnologias representado pelos computadores portáveis (desktop, laptops etc) e internet tem se colocado como privilégio de poucos. A educação a distância com a adoção dessas tecnologias tem servido também para inclusão digital de parcela significativa da população, ou seja, a educação a distância passa a ter uma dupla missão de educar e incluir digitalmente.
A criação do Sistema UAB possibilitou que, no Ceará, 31 municípios recebessem cursos de graduação gratuitos, oferecidos pela Uece, UFC, IFCE e Unilab. Os cursos do Sistema UAB tornam visíveis os invisíveis socialmente e a esperança de continuarmos com os Cursos da UAB/Uece é a assinatura de todos na Petição Pública a favor da UAB no link: http://migre.me/rjbzc
(*) Professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e coordenador da UAB.
Publicado In: O Povo, Opinião, de 27/8/15. p.7.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

AS SETE IDADES DO HOMEM


Pedro Henrique Saraiva Leão (*)
Nos últimos sete anos, desde 10/11/2007 (“Há que ler, há que ler”) até “Ler ou não ler” (28/10/2014) escrevemos aqui 11 artigos acerca dos méritos da leitura, notadamente da literatura de ficção. Ressaltamos por igual sua quase obrigatoriedade para os médicos. Harold Bloom (Nova York, N.Y., 1930), autor de “O Cânone Ocidental”, e o “Gênio” (Editora Objetiva), 1984/2003) salientou ademais a importância da releitura de Homero, Cervantes, Dante e Shakespeare.
Os conhecimentos médicos deste lhe valeram a introdução de oito facultativos em sete de seus dramas, nos quais o decesso, a defunção, exílio, passamento, o óbito sobressaía na cena final. Desculpem tantos sinônimos para a morte, mas precisamos conhecê-la melhor, pois dela seremos hóspedes um dia.
Em verdade, “nascentes morimur”, aliás morremos um pouco todos os dias, como referendamos neste espaço em 13/10/2010. Segundo o personagem Francis Feeble, em “Henrique Quarto” (2ª parte, Ato 2, Cena 3) “devemos uma morte a Deus” (“We owe God a death”). Tal lê-se na edição completa, da editora Collins, de Londres e Glasgow, que adquiri na hoje extinta Casa Crashley Ltda, no Rio de Janeiro, agosto, 1964. O leitor mais atento notará que a palavra “feeble” significa débil, enfermiço, como estaremos quando mais velhos, perto do fim.
Aos consulentes (aqueles que consultam, pesquisam) exigentes, recomendamos a biografia escrita pelo inglês Anthony Burgess (1917 – 1933), da Penguim Books Ltd, England, 1970, e na minha estante desde 1978. Deste é o famosíssimo “Laranja Mecânica” (“A Clockwork Orange”) filmado em 1971 (ver resumo na revista “Psique”, ano IX, nº 115 ). Compondo literatura, Shakespeare adentrou-se na filosofia, esta, a versão prática, aplicada da literatura. Com parentes médicos (seu genro e o pai deste), Shakespeare incursionou por quase todos os ramos da Medicina. Afirma-se mesmo ter ele sido o primeiro psiquiatra ocidental, ao lado de Phillippe Pinel (+1826) e John Conolly (+1866). Para tão extraordinário dramaturgo, o mundo todo é um palco, e todos os homens e mulheres meros atores (“all the world is a stage, and all the men and women merely players”), e um homem em vida interpreta várias partes, em sete idades.
Este trecho consta de “As you like it “ (Ato 2, Cena 7, traduzida por “Como Quiserem”, por Bárbara Heliodora, da Editora Nova Aguilar, Rio de Janeiro, 2009 (3 volumes). Usando a ribalta como metáfora (designar algo por outra palavra), Shakespeare também criou o solilóquio ou monólogo de Macbeth (Ato 5, Cena 4): “Tomorrow, tomorrow, and tomorrow” (“Amanhã, amanhã, e amanhã”).
Nesse tablado, na peça antes citada, o homem viveria as idades do bebê nos braços da babá, da criança indo à força pra escola, do amante louvando a amada, do brioso soldado buscando a fugaz fama na fumaça do canhão, e a idade do aposentado, com voz de criança, pois já na segunda infância (“second childishness”). Assim termina sua parte, “sem dentes, sem visão, sem gosto, sem nada”.
O poeta (1564-1616) faleceu aos 52 anos, cedo para sua época (revista “Veja”, 8/4/2015). Ainda hoje, no teatro do tempo, o trem da vida percorre as mesmas estações, e assim voltamos todos ao camarim.
(*) Médico. Professor Emérito da UFC. Ex-presidente e atual secretário geral da Academia Cearense de Letras.
Fonte: O Povo, Opinião, de 19/8/2015. p.8.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Dos Anos Dourados aos Anos Iluminados do Otávio Bonfim


Muitos amigos e conhecidos, somando cerca de duzentas pessoas, participaram do I Encontro de Congraçamento do Otávio Bonfim, compreendendo o período dos Anos Dourados aos Anos Iluminados, sob a benfazeja inspiração seráfica, que vai do Frei Teodoro ao Frei Lauro.
O encontro dos que passaram sua juventude no Otávio Bonfim aconteceu em Fortaleza, das 20h às 21h30, do dia 17/09/2015, no Salão de Santo Antônio, da Paróquia de Nossa Senhora das Dores, local escolhido por preservar, em seu recinto, um clima de saudade, permeado das mais caras lembranças.
O evento contou com projeção de slides e de vídeos e abriu espaço para alguns depoimentos de representantes das diferentes gerações, de jovens das décadas de cinquenta a oitenta, como um indicativo da afeição ao bairro que abrigou tantas pessoas dignas e honestas.
Coube ao Sr. Vicente Morais apresentar a sequência de fotografias da época do Frei Teodoro, tecendo os comentários pertinentes e destacando fatos e seus retratados, trazendo ao público as lembranças daqueles que fizeram sua derradeira viagem de regresso ao Pai, e render homenagens a antigos moradores do bairro, nomeadamente os Srs. Antônio Camelo de Araújo, Luiz Carlos da Silva, Nestor Holanda Gurgel e Raimundo Lopes Simões.
 
Em seguida, o jornalista e publicitário Airton (Tom) Bastos, atuante como mestre de cerimônias, responsabilizou-se por fazer ligeiros comentários de uma apresentação animada em power point, construída a partir de uma seleção de 48 fotos, relacionadas ao período do Frei Lauro, extraída de um banco de mais de quinhentas fotografias, e complementada por outros slides, de fotos e ilustrações, escolhidos por Marcelo Gurgel. A montagem dessa apresentação foi feita pelo agente de marketing Davi Cacau. Sob a orientação de Marcelo Gurgel, com rolagem automática dos diapositivos ao som da música Czardas, composição de Vitorio Monti, que ganhara popularidade na segunda metade dos anos 1960.
Após as projeções em multimídia, o contador e bancário aposentado, Sr. Edmar Gurgel, que coordenava as ações em andamento do I Encontro, e na qualidade de membro da Comissão Organizadora, requereu permissão da mesa diretora para a entrega de duas placas de prata em agradecimento a dois amigos que prestaram relevante contribuição ao bairro Otávio Bonfim.
A primeira placa foi entregue pelo Frei Gilmar ao Dr. Marcelo Gurgel, considerado um memorialista nascido e criado nesse bairro e organizador de um livro biográfico sobre Frei Lauro Schwarte, o qual muito agradeceu pela deferência, e se confessou surpreendido com a honraria, que teria para ele um significado muito especial. A segunda placa foi passada pelo Sr. Edmar Gurgel às mãos do Sr. Vicente Morais, autor do livro: “Anos Dourados do Otávio Bonfim: à memória do Frei Teodoro”, que expressou os seus sinceros agradecimentos pela placa recebida.

Dando continuidade, a palavra foi novamente concedida ao Dr. Marcelo Gurgel que manifestou a sua satisfação por tantas presenças amigas, salientando o empenho de alguns para ali estarem, e discorreu sobre futuras publicações de interesse daquela seleta audiência, no caso, a citar: a segunda edição, revista e ampliada do livro do Sr. Vicente Morais; a edição traduzida para o alemão do livro “Frei Lauro Schwarte e os Anos Iluminados do Otávio Bonfim”; e a feitura de um novo livro sobre o Frei Lauro, cujo lançamento será programado para dezembro próximo, nas comemorações dos oitenta anos de Frei Lauro, se vivo ele fosse.
O encerramento dos trabalhos foi conduzido pelo Frei Gilmar que aludiu a ação social como prática da fraternidade franciscana e transferiu a palavra ao Frei Wellington, o guardião do convento, cabendo-lhe, depois da oração conjunta do Pai Nosso, abençoar a todos.
Finda a solenidade foi oferecido aos convidados um coquetel à base de refrigerantes e salgadinhos.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

RENUNCIE, SENHORA PRESIDENTE!


Por Affonso Taboza (*)
Pense no bem que fará à nação se deixar agora, espontaneamente, a presidência da República! Um ato de grandeza que lhe trará reconhecimento! Não lhe cabe o direito de continuar sangrando o País por pura vaidade e teimosia, com o repúdio de 90% dos brasileiros. O povo não lhe dá mais crédito, não a vê como líder de um grande pacto capaz de nos salvar! Nem seu partido acata sua autoridade!
O Congresso rejeitou o orçamento proposto para 2016, com déficit de R$ 30,5 bilhões. Na verdade, o rombo era maior, pois na coluna da receita estavam e ainda estão cerca de R$ 30 bilhões duvidosos, provenientes de improváveis vendas de imóveis da União e concessões. Brincando com números e fechando as contas a marteladas, seu governo reformulou anteontem a proposta, brindando-nos com uma “CPMF provisória”, que, sabemos, será prorrogada. Ninguém de bom senso acredita na seriedade desse orçamento!
ONGs inúteis e entidades maléficas custam caro ao povo brasileiro! Quem sabe quanto seu governo injeta no MST e congêneres para fazer desordens? Ah! como fazem falta agora os bilhões doados a seus amigos bolivarianos! Ah! como é alto o preço do populismo!
Para coroar os despautérios, a senhora emprega como secretária geral do Ministério da Defesa a mulher do segundo homem na hierarquia do MST e, com isso, cria uma frente de atrito com as Forças Armadas! Brincando com fogo? Cadê o bom senso?
A senhora está cercada, presidente, democraticamente cercada. Não é golpe, como insinuam seus áulicos, é a lei vigente que lhe cortará o caminho. Seu governo – tudo indica – não sobrevive a esta crise. Seu impeachment é questão de tempo. Há centenas de milhares de assinaturas em abaixo-assinado que circula na internet. Hélio Bicudo, um ex-ícone do seu partido, quer vê-la fora do Palácio. Seu mandato está em risco no TSE, pode ser cassado se irregularidades apontadas na eleição forem comprovadas.
No final de 2014, por manobra do Congresso – sobre o qual a senhora ainda tinha alguma influência –, foi alterada na undécima hora a Lei de Diretrizes Orçamentárias, para livrá-la de incorrer em crime de responsabilidade fiscal. Gastou alguns bilhões mais do que previa o orçamento. O motivo para impeachment estava dado, não fosse a boia que o parlamento lhe jogou.
Dos três caminhos à sua frente, o menos traumático é a renúncia. A senhora foi eleita, mas sua vitória é questionada, acusam-na de ter enganado o povo e ferido a lei. O casamento acabou por erro insuperável. O povo quer o divórcio. De preferência, amigável. Renuncie, senhora Dilma, a agonia do Brasil e a sua serão mais curtas. Vá para os pampas, um ótimo lugar pra criar gado. Jango foi pra lá quando fugiu...
(*) Engenheiro.
Fonte: Publicado In: O Povo. Fortaleza, 16/09/2015. Opinião. p.12.

domingo, 20 de setembro de 2015

SETEMBRO, O MÊS DA BÍBLIA


Por Pe. Brendan Coleman Mc Donald
Desde 1971 a Igreja Católica dedica o mês de setembro à Bíblia. Setembro foi escolhido pelos Bispos do Brasil como o mês da Bíblia, em razão da festa de São Jerônimo, celebrada no dia 30. São Jerônimo, que viveu entre 340 e 420, foi o secretário do Papa Dâmaso e por ele encarregado de revisar a tradução latina da Sagrada Escritura. Essa versão latina feita por São Jerônimo recebeu o nome de Vulgata, que, em latim, significa popular e o seu trabalho é referência nas traduções da Bíblia até os nossos dias.
O tema proposto para o Mês da Bíblia de 2015 é “Discípulos missionários a partir do Evangelho de João”, sob a perspectiva do discipulado missionário, conforme o enfoque do Projeto de Evangelização: “O Brasil na missão continental”. O lema indicado pela Comissão Bíblico-Catequético da CNBB é “Permanecei no amor, para dar muitos frutos” (cf. Jo 15, 8-9). Em setembro, em quase todas as paróquias e comunidades eclesiais há cursos bíblicos. Incentiva-se a leitura e o estudo da Bíblia. Nas celebrações ela ocupa lugar de especial destaque e os grupos de reflexão trabalham no sentido de ligar mais os textos lidos com a vida. Quando ouvimos a palavra “bíblia”, logo pensamos na Palavra de Deus. Esta é a ideia mais difundida e popular da Bíblia. Ela é de fato a Palavra de Deus, a comunicação de sua vontade e da sua presença libertadora para todos aqueles que a procuram com sede e fome de vida mais plena. A Bíblia é o livro mais conhecido do mundo inteiro. Já foi traduzido para 1.785 línguas. Mesmo assim, continua sendo um livro desconhecido. Muita gente tem em casa, mas não a abre.
Na Bíblia se encontra a história do povo de Israel e sua lenta caminhada na descoberta de Deus que revela ao seu povo o que com ele deseja e faz uma aliança de amor. Os profetas surgem, chamados por Deus, para mostrar ao povo e às suas autoridades quando e como estão traindo esta aliança. Os Salmos, orações que brotam do chão da vida, alimentam o povo em sua caminhada para a realização do projeto de Deus.
Finalmente, “quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu próprio Filho”, a Palavra de Deus se fez carne e habita no meio de nós. Em Jesus Cristo todas as promessas de Deus se realizam e se tornam esperanças de vida nova para todos nós. É por tudo isso que a Bíblia não deve ser um livro que enfeita a estante, não deve ser o livro de cabeceira que faz passar as horas de insônia, e muito menos ainda um livro que se transforma em fonte de conflitos e divisões.
Penso que Santo Agostinho, ao dizer que Deus escreveu dois livros, a Bíblia e a Vida, nos ajuda a superar os preconceitos e recuperar o verdadeiro sentido da Sagrada Escritura. Ver, ler a vida do dia-a-dia, nosso dia, o da nossa família, da nossa comunidade, da sociedade e do mundo e captar aí os apelos de Deus para a justiça, para a fraternidade, para o amor. Nesse exercício diário vamos entrando no mundo da Bíblia. Afinal, o que ela conta? A história de uma aliança de amor entre Deus e seu povo. Aliança esta marcada pela fidelidade e pelas infidelidades do povo. Aos trancos e barrancos este povo vai aprendendo a perceber e a viver a vontade de Deus sempre presente e que se fez carne em Jesus Cristo e que continua atuando em nossa história.
Brendan Coleman Mc Donald é padre redentorista e assessor da CNBB Reg. NE.
Fonte: O Povo, de 30/8/2015. Espiritualidade. p.27.

PÉROLAS RURAIS DO BANCO DO BRASIL IV


* Contrato permanece na mesma situação da vistoria anterior, isto é, faltando fazer as cercas que não ficaram prontas.
* Mutuário adquiriu aparelhagem para inseminação artificial, mas um dos touros holandeses morreu. Sugerimos treinamento de uma pessoa para tal função.
* Tempo castigou a região. O sol acabou com a farinha e a chuva com o feijão.
* As garantias permanecem em perfeito estado de abandono. Cliente vive devidamente bêbado e devendo aos bares e a Deus e ao mundo.
* A euforbiácea foi substituída pela musácea sem o consentimento e autorização de nosso querido banco.
Fonte: Internet (circulando por e-mail).

sábado, 19 de setembro de 2015

PÃO DE NÁDEGAS


 
Nota do editor: Além do equívoco anatômico, o cartaz contém um erro de concordância verbal.
Fonte: Circulando por e-mail (internet). Foto sem crédito definido.

PADRE MODERNO

 
Chargista: Indefinido.
Fonte: Circulando por e-mail (internet).

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

UMA FÁBULA DE IMPRODUTIVIDADE

Por Marcos Mendes
João é inteligente e nasceu numa família de classe alta. Estudou em boas escolas e entrou para uma universidade pública, gratuita, no curso de Engenharia. Formado, viu que os melhores salários iniciais de engenheiros estavam em R$ 5 mil. Fez concurso para um cargo de nível médio num tribunal: salário de R$ 9 mil mais gratificações, aposentadoria integral, estabilidade, expediente de seis horas. O contribuinte custeou a formação de um engenheiro e recebeu um arquivador de processos sobrerremunerado. Amanhã João estará em frente ao Congresso, com seus colegas, todos em greve por aumento salarial. Não terá o dia de trabalho descontado nem se sente remotamente ameaçado de demissão.
Pedro não tem muito talento intelectual. Mas sua família pôde pagar uma boa escola, o que lhe garantiu uma vaga num curso não muito concorrido em universidade pública. Carente de habilidades acadêmicas, Pedro não se adaptou e mudou de curso duas vezes, deixando para trás centenas de horas-aula desperdiçadas e duas vagas que poderiam ter sido ocupadas por outros estudantes que jamais terão acesso àquela universidade. Foi fácil desistir dos cursos, pois Pedro nada pagou por eles. 
Após oito anos na universidade, Pedro finalmente se formou em Biologia. Sonha em ter um emprego igual ao de João. Entrou num cursinho preparatório para concursos públicos. Lá conheceu centenas de jovens formados em universidades públicas que, em vez de irem para o mercado de trabalho aplicar os seus conhecimentos, estão em sala de aula decorando apostilas para conseguirem um emprego público. 
Jorge, o dono do cursinho, é um brilhante advogado que poderia contribuir para a sociedade redigindo contratos empresariais. Mas descobriu que ganha mais dinheiro preparando candidatos ao serviço público.
Um dos professores do cursinho de Jorge é Manuel, que também abandonou sua formação universitária e mudou de ramo. Ao perceber que jamais exercerá a profissão original, ele pediu desfiliação do respectivo conselho profissional.
Mas não consegue, porque Márcia, funcionária daquele conselho, tem como missão criar todo tipo de dificuldade às desfiliações e manter em dia a arrecadação compulsória. Manuel desistiu e vai pagar a contribuição pelo resto de sua vida profissional, ainda que não se beneficie em nada e pouca satisfação seja dada pelo conselho profissional acerca do uso desse dinheiro. 
As limitações acadêmicas de Pedro o impedem de ser aprovado em concurso público. Ele vai ser um medíocre professor numa escola de ensino fundamental de segunda linha (pública ou privada), oferecendo ensino de baixa qualidade às novas gerações das famílias que não podem pagar por uma escola melhor. Pedro só conseguiu essa vaga porque há uma reserva de mercado: por lei, as escolas de ensino fundamental só podem contratar professores com diploma de nível superior. Fosse permitido contratar universitários, diversos graduandos em Biologia mais talentosos e motivados que o diplomado Pedro estariam em sala de aula, oferecendo boas aulas às crianças.
Antônio é tão brilhante quanto João. Daria um excelente engenheiro, mas nasceu em família pobre e estudou em escola pública. Teve professores limitados, no padrão de Pedro, e a desorganização administrativa da escola piorava as coisas: muitas vezes não havia professores em sala. Falta com atestado médico não dá demissão.
Antônio até conseguiu passar no vestibular de Engenharia em universidade pública, pelo sistema de cotas, mas sua formação deficiente em Matemática foi uma barreira intransponível. Abandou o curso, deixando mais horas-aula perdidas e mais uma vaga ociosa na conta dos contribuintes.
Antônio, porém, é empreendedor. Não se abalou com o insucesso universitário, aprendeu a consertar eletrônicos por meio de vídeos no YouTube. Montou um pequeno negócio de manutenção de smartphones e computadores. Seu talento poderia torná-lo um grande empresário. Mas para crescer ele precisa transferir sua empresa do regime de tributação Simples para a tributação normal, pagando impostos muito mais altos, porque o governo precisa de muito dinheiro para pagar altos salários, para custear a universidade gratuita que desperdiça vagas e para sustentar escolas públicas que não dão aula, entre outras despesas. Mesmo assim, o governo permanece em déficit e toma empréstimo para se financiar, aumentando a taxa de juros. Com impostos altos e crédito caro, Antônio prefere manter seu negócio pequeno. A grande empresa e seus empregos morreram antes de nascer.
Chico é um líder talentoso. Dirige uma central sindical que congrega os sindicatos dos companheiros do Judiciário e dos professores, entre outras categorias. Chico está em frente ao Congresso Nacional apoiando a greve de Pedro por melhores salários. Faz um discurso contra os neoliberais, que só pensam em cortar gastos públicos e arrochar os trabalhadores. Chico não tem muito do que reclamar (embora, como líder sindical, a sua especialidade seja, justamente, reclamar): além da remuneração paga pelo sindicato (e custeada pelo imposto sindical, cobrado obrigatoriamente dos contribuintes), ele está aposentado pelo INSS desde os 52 anos de idade. Até o fim da sua vida receberá muito mais do que contribuiu para a Previdência.
Nenhum dos personagens acima citados tem comportamento ilegal. Eles jogam o jogo de acordo com as regras que estão postas. O erro está nas regras. Mudá-las requer superar as dificuldades das decisões coletivas. Não mudá-las implica continuar com talentos profissionais e dinheiro público mal alocados, empregos improdutivos, potenciais inexplorados, gasto público excessivo, oportunidades perdidas, incentivos errados. Uma fábula de improdutividade. 
* Marcos Mendes tem graduação, mestrado e doutorado em economia, custeados pelos contribuintes, em universidades públicas. Não se anuncia como ‘economista’, pois não é filiado ao conselho regional de economia e não quer ser processado por isso. É servidor público bem remunerado.
Fonte: Estadão/Opinião10/09/2015.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

CONVITE: Dos Anos Dourados aos Anos Iluminados do Otávio Bonfim


Com prazer, convidamos os amigos e conhecidos, para o encontro de congraçamento dos que passaram sua juventude no Otávio Bonfim, compreendendo o período dos Anos Dourados aos Anos Iluminados, sob a benfazeja inspiração seráfica, que vai do Frei Teodoro ao Frei Lauro.
O encontro acontecerá em Fortaleza, às 19h30, do dia 17/09/2015, no Salão de Santo Antônio, da Paróquia de Nossa Senhora das Dores, local escolhido por preservar, em seu recinto, um clima de saudade, permeado das mais caras lembranças.
O evento contará com projeção de slides e de vídeos e abrirá espaço para alguns depoimentos de representantes das diferentes gerações, de jovens das décadas de cinquenta a oitenta, como um indicativo da afeição ao bairro que abrigou tantas pessoas dignas e honestas.
A Comissão Organizadora

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

I Encontro de Congraçamento da Juventude do Otávio Bonfim

Vem aí o I Encontro de Congraçamento da Juventude do Otávio Bonfim, que reunirá jovens das décadas de 50 até a década de 80 que viveram no bairro do Otávio Bonfim. Segundo um dos organizadores, o médico, professor e escritor Marcelo Gurgel, o encontro ocorrerá, a partir das 19 horas da próxima quinta-feira (17/09/15), no salão da Paróquia de Nossa Senhora das Dores.
Para o evento, foram providenciados faixas, banners, convites, projetores e som, porteiros, aluguel de mesas e cadeiras, bem como refrigerantes, salgadinhos, descartáveis e outros. “Desta forma, quem puder colaborar financeiramente para cobrir as despesas - em torno de R$ 1.400,00, comunique-se com a nossa comissão”, apela Marcelo Gurgel.
A expectativa é congregar 180 pessoas.
Comissão Organizadora
* Edmar Gurgel, Vicente Moraes (Tente) e Marcelo Gurgel.
Fonte: Blog do Eliomar, em 14/09/15.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

ADMINISTRADORES


Por João Soares Neto (*)
Há 50 anos surgia a profissão de Administrador. O objetivo era suprir lacunas na gestão pública, formar quadros para a iniciativa privada e mudar a burocracia nacional, com toda a herança das ordenações portuguesas que permite o encastelamento de pessoas como detentoras de ricos feudos arquivadores do que deveria ser parte da administração pública, como em países civilizados.
O Brasil está loteado com milhares de cargos de confiança em todos os níveis. Nas mais de 5.500 prefeituras, nos 27 estados e no governo federal. Além disso, o fenômeno da terceirização é realidade cruel para os cofres públicos. Quem entra não quer sair. Quem está fora deseja participar.
E os Administradores? Apesar do esforço de profissionais de níveis ainda não se conseguiu o espaço que, por exemplo, têm na França. Lá, a “École Nationale d´Administration” é fornecedora de cérebros pensantes e atuantes em todas as esferas de governo.
Nesta semana em que se comemora os 50 anos da profissão de Administrador fica a questão: se os administradores públicos fossem profissionais de carreira, concursados, o Brasil ter-se-ia deixado engolfar nesta infindável senda de tantos despautérios?
Tenho dúvidas, mas há esperança de que os Administradores possam, por seus talentos e formações, ocupar cargos para os quais foram treinados e qualificados, nas empresas privadas e em órgãos públicos. As entidades de classe devem pugnar para que os governantes e as empresas, por concurso ou por mérito, absorvam milhares de administradores na procura de destino melhor para o Brasil. Agora, de grau rebaixado.
(*) João Soares Neto é escritor e membro da Academia Cearense de Letras.
Fonte: Publicado no jornal Diário do Nordeste, em 13/09/2015.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

História da Administração no Ceará, 50 Anos


Por João Soares Neto (*)
“Não se pode planejar o futuro pelo passado”. Edmund Burke, filósofo.
Anteontem, a Assembleia Legislativa do Ceará lembrou os 50 anos da profissão de Administrador e o fez homenageando dirigentes e ex-dirigentes do Conselho Regional de Administração-CRA, da Academia Cearense de Administração-ACAD e da Associação dos Administradores do Estado do Ceará- AADECE.
Há, como registro histórico, um grupo de então jovens, pioneiros, que acreditou na incipiente Escola de Administração do Ceará-EAC, o núcleo basilar dessa longa história. A EAC usava como referências a Escola Brasileira de Administração Pública – EBAP, da Fundação Getúlio Vargas, do RJ, e a Escola de Administração de Empresas de SP – EAESP. Havia, claro, a entronização dos princípios de Frederick Taylor e de Henry Ford, dos Estados Unidos, e de Henri Fayol, da França. A partir deles abriam-se leques de informação que, conforme os estofos de cada estudante iam se consolidando e transformando em conhecimento.
Muitos fizeram dois vestibulares –o MEC não reconheceu o primeiro – e aguentaram o pão que o diabo amassou. Passaram por três sedes: a da Faculdade de Ciências Econômicas da UFC, no Benfica, de onde foram enxotados como intrusos. A seguir, foi alugada casa na esquina da Avenida Duque de Caxias com a Rua Jaime Benévolo. Imóvel simples, telhas vãs, piso de cimento, mas conseguia abrigar as primeiras turmas e os concursos para novos professores, quase todos do quadro de técnicos em desenvolvimento econômico-TDE, do Banco do Nordeste, então celeiro de talentos. Por fim, a sede da Rua 25 de Março, hoje desativada, com a ida para o Campus do Itaperi, da Universidade Estadual do Ceará-UECE.
Segunda-feira, 14, às 19h, na Câmara Municipal de Fortaleza serão homenageados profissionais eleitos, por votação, pela Comissão do Jubileu. Na categoria Efetividade e Dedicação à Profissão: Mauro Benevides, Zamenhof de Oliveira, Manoel Messias de Sousa, Aleuda Fernandes e Nilce Freire. Por Profícua Atuação Profissional: Antônio Cambraia, Beto Studart, José Caminha de Oliveira, Sérgio Aguiar e Tasso Jereissati.
Como Personalidades Públicas: Érica Cristino e Iracema Vale. Por Desempenho Acadêmico: Assis Moura Araripe, Sérgio Bezerra, Sarto Castelo, Paulo Tadeu, Vlademir Spinelli, e a UECE, pelo pioneirismo, o Reitor Jackson Coelho. Por Eficaz Ação Organizacional e Empresarial: Honório Pinheiro e João Soares Neto. Os funcionários do CRA serão homenageados nas pessoas de George da Silva e Marta Albuquerque. Haverá duas homenagens post-mortem: José Guilherme Pimenta e Rui de Castro e Silva.
Por suas carreiras públicas e privadas, por minha convicção e direito, lembro de: Beni Veras, Paulo Lustosa, Barros Pinho, Josino Lobo, Ivo Martins de Oliveira, Gerard Boris, Sieglinde Acioly, Vitor Hugo Sampaio, Lázaro Farias e Heloisa Barros Leal, entre outros.
Não seria justo deixar de citar os nomes dos primeiros diretores Mozart Soriano, Raimundo Girão e Aloisio Cavalcante. Honra e glória aos professores Parsifal Barroso, Paulo Bonavides, Ivan Barroso de Oliveira, João Clímaco, Filgueira Limas e Plácido Castelo, fundadores, entre outros, do Instituto de Administração do Ceará, em 1957, posteriormente, incorporado pelo Governo do Estado do Ceará.
Por fim, anoto: parte da turma pioneira realizou viagem de estudos à Europa, com a coragem e a cara, participando de encontros na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, Portugal; na fábrica da Olivetti, em Ivrea, Itália; e na École Nationale d´Administration, em Paris, França.
Esta história honra a quem dela tenha participado, no todo ou em parte.
 (*) João Soares Neto é escritor e membro da Academia Cearense de Letras.
Fonte: Publicado no jornal O Estado-Ceará, em 11/09/2015.
 

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