terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

MOXIBUSTÃO


Pedro Henrique Saraiva Leão (*)
Desde 1960, alguns tratamentos ortodoxos (convencionais, oficiais) foram sendo substituídos pela Medicina “alter”, outra, alternativa. Tal foi ensejado 1) por seus eventuais para efeitos (colaterais, adversos), 2) pela validez discutível de certas operações, 3) mercê da minguante empatia dos médicos (compreensão do sofrimento alheio, compaixão), e 4) sobremaneira, pelo alto preço dos remédios.
Curiosamente determinadas práticas alternativas, ou periféricas, foram legadas pela ortodoxia chinesa, na aurora dos tempos.
Excetuaremos os milagres, reportados neste espaço em 8/12/2010. Ainda movem montanhas para quem tem fé, como nós. Isentemos também as crendices, folclóricas, e curemos apenas dessas alternativas, sobressaindo a acupuntura. Outros métodos compreendem a homeopatia, quiropraxia e osteopatia, o “shiatsu”, japonês, fitoterapia, hipnose, naturopatia, bioenergética (1934), radiações ionizantes, biofeedback (1958), aromaterapia.
A acupuntura foi popularizada na China e no Japão no ano 479 a.C., juntamente com a moxibustão. Consiste aquela na recepção ou liberação da energia corporal mediante perfuração cutânea de 365 (ou 600) pontos especiais. Intenta-se estimular fibras nervosas autônomas até o cérebro, retrocedendo ao órgão doente, sanando-o. A Organização Mundial de Saúde estudou-a em 1979 a 2013, comprovando sua eficácia em 28 ou 63 doenças (Folha de S. Paulo, 17/5/2015).
A homeopatia do alemão Samuel Christian Freidrich Hahnemann (1755-1843) foi fundamentada admitindo-se que afecções são curáveis com doses ultra diluídas da mesma doença (“similia similibuscurentur”). As técnicas mecânicas ou manipulativas das vértebras (quiropraxis) assim como a acupuntura e a homeopatia foram oficialmente reconhecidas para o currículo universitário em 1990. Os nipônicos empregam a pressão digital em vez de agulhas. Modernamente, é utilizado o laser.
A fitoterapia (do grego “phyton”, planta) refere-se às ervas. No Oriente estas eram conhecidas antes de Hipócrates, c.3000 a.C. e 700 estão mencionadas no papiro de Ebers. Em 400 a.C. os chineses já referendavam 16.000. Recomendamos nossos artigos “Chás.com” (10/4/2008) e “Vida, doença incurável?” (30/3/2011) neste jornal. O termo “hipnose”, do grego “hipnos”, nos lembra Frans Mesmer, embora criado pelo inglês James Braid em 1842 como sono induzido. Foi praticada por Pavlov, Charcot e Freud, os quais logo acordaram para sua ineficácia.
A naturopatia é a alimentação mais a calistenia (exercícios físicos) saudáveis, curando pela “vis medicatrix natura”. Os demais métodos continuam como fisioterápicos de resultados nem sempre apreciáveis. Há muito, fazendo colonoscopia, sobreveio-me forte dor no antebraço direito na abdução (rotação externa) ou adução (giro para dentro). Era a epicondilite no úmero distal. Falhando a acupuntura, curou-me a moxibustão, ou aquecimento dessa região com folhas de artemisia, “camomila do campo”. Após uma única aplicação, a dor abandonou-me, até hoje!
(*) Professor Emérito da UFC. Titular das Academias Cearense de Letras, de Medicina e de Médicos Escritores.
Fonte: O Povo, Opinião, de 6/1/2016. p.8.

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