sábado, 20 de agosto de 2016

Causos da Coluna AOS VIVOS: 2016-4


Por jornalista Tarcísio Matos
A banha do Cururu
Santo remédio pra tosse e puxado! A gordura do injustiçado batráquio é beberagem caseira eficaz que a modernidade e as secas consecutivas tiraram do receituário do pobre, do terreiro de casa. Meu pai, seu Zé, vinte anos sem crise asmática, vê no feito “milagre da banha torrada (dose única) dum cururu alvorada preparada por cumade Odete, que tomei jejum”.
- É iscritim torresmo! Pense!!!
Ocorre que o calorão de dezembro propiciou recaída, e seu Zé foi bater na urgência do hospital. Diagnóstico: pneumonia. Medicação do doutor: antibiótico. Quem disse, porém, que ele aceita outro remédio senão a banha do bom e velho sapão? Pede que a mulher cuide de arrumar a prodigiosa substância. Ela pondera:
- Quatro anos de estiagem, zerou cururu no estado!
- É de vera, é de vera... - acede ele, de pronto.
Ante a provável falha da indústria remedística, vem o estalo: telefonar pra famosa rede de farmácias e pedir o inusitado: banha do teitei (cururu oportunista de beira de lagoa). Atendente não sabe o que responder. Seu Zé procura ser mais claro:
- Pode ser cápsula, minha bichinha! Pozinho, xarope, supositório de banha de cururu... Atendente! Ei?!? Tá me ouvindo?
Fonte: O POVO, de 13/02/2016. Coluna “Aos Vivos”, de Tarcísio Matos.

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