segunda-feira, 15 de agosto de 2016

SEGURANÇA E OLIMPÍADA


Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (em inglês: Center for Disease Control and Prevention - CDC), agência do Departamento de Saúde dos Estados Unidos dedicada à prevenção de doenças transmissíveis, alerta seus cidadãos e, sobretudo as gestantes, em qualquer período gestacional, quanto a não ser aconselhável viajar para o Brasil, Colômbia, Guiana Francesa, Guatemala, Haiti, Martinica, México, Paraguai, Suriname, Venezuela, El Salvador e Porto Rico.
Por causa desse alerta as empresas de cruzeiros marítimos pelo Caribe estão alarmadas. Os seus navios (verdadeiros shopping centers flutuantes), já estão acautelando aos seus passageiros/consumidores quanto às picadas dos mosquitos, com avisos em seus boletins de bordo: ‘Usem repelentes contra mosquitos e roupas longas’.
Para os que apreciam os estudos de psicologia profunda, a designação do mosquito vetor (dengue, febre amarela, chicungunha), Aedes aegypti (aēdēs do grego "odioso" e ægypti do latim "do Egito"), faz lembrar as 7 pragas do Egito, agravado mais ainda e virilizado pelas diversas mídias. É o pânico midiático. Pouco conhecido, creio eu, é o fato de que nos países desenvolvidos os Sistemas de Saúde Coletiva permanecem em alerta sobre a possibilidade de disseminação, para dentro das suas fronteiras, de doenças tropicais.
Advirto. ‘Doenças Tropicais’ é um rodeio para evitar a denominação das doenças da pobreza e do atraso sanitário.
Acrescento ser o Aedes aegypti existente entre nós há tempos e soube – por ouvir dizer – que já pediu sua naturalização...
Vide o Dr. Oswaldo Cruz (1872-1917) e o combate à febre amarela na então capital do Brasil. O temor dos europeus de vir para o Brasil pela infestação pela febre amarela urbana é histórico. Bem como a pitoresca ‘revolta da vacina’ ocorrida no Rio de Janeiro (1905) contra a vacinação da febre amarela.
Filosofo eu, como médico e cidadão: A história se repete “a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”.
Quanto à segurança olímpica, ajunte-se a situação mundial e a luta contra o terrorismo internacional, refugiados, crimes, violências e outras mazelas. Dado que mosquitos e vírus não carecem de passaporte para entrar no Brasil, como fica a segurança das Olimpíadas a realizarem-se em agosto de 2016? Isso, sem falar na crise política–econômica que estamos vivendo. Tenho esperança que, apesar dos pecados dos nossos políticos (salvo as exceções de praxe), as coisas se arranjem sozinhas.
Deus não deixou de ser brasileiro e tudo que acaba bem passa a ser bom...
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).

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