terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

A NOIVA


Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
Eis um causo de amor e dor. Jacinta, moça prendada e estudiosa, era admirada por José, rapaz dotado de bom caráter, trabalhador, porém não possuía recursos financeiros. O pai da donzela queria que a filha namorasse Ricardo, jovem arrogante e filho de um rico empresário; não tinha boas intenções. Jacinta, sem desejar magoar o seu grosseiro genitor, e ouvindo as ponderações pacificadoras da mãe, cedeu e, sem esquecer José, passou a namorar o vaidoso jovem rico. José, humildemente, recolheu-se pensando que tinha caído no esquecimento da triste moça. Por sua vez, o interesseiro pai propôs o noivado da filha com Ricardo. Este concordou e marcou para o final do ano, cerca de seis meses, o enlace matrimonial. “Seu” Chico, orgulhoso, vendeu uma pequena propriedade rural para custear a festa de casamento, o enxoval e a confecção do vestido da noiva. Passaram-se os dias. Jacinta, apesar de gostar de José, mantinha-se fiel a Ricardo aguardando o dia do casamento. Vivendo às custas do pai, o “rabo de burro” (expressão usada no Ceará há aproximadamente 60 anos) era assíduo frequentador dos prostíbulos da cidade, explorando infelizes mulheres, e também um contumaz alcoólatra. Certo dia, antes do matrimônio, apareceram na casa do “Seu” Chico duas mulheres levando documentos mostrando que Ricardo era bígamo. O velho tomou um susto, teve um infarto, não resistiu e morreu. Jacinta e sua mãe denunciaram Ricardo. Apesar do dinheiro, foi julgado, condenado e preso. José reaproximou-se de Jacinta e, com amor, conforme as Leis de Deus e dos homens contraíram núpcias. A vida, às vezes, é assim.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 30/9/2016.

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