quarta-feira, 26 de abril de 2017

O COVARDE

Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
Era uma bela tarde de domingo na cidade de Rosal, próxima à capital do Estado de São Paulo. Época de férias. Pedro, rapaz elegante, estudante de administração na USP, bem de vida resolveu visitar sua namorada Helena, em Rosal. Encontraram-se na praça da matriz, e com ela foi visitar os pais da moça. Foi bem recebido pelo genitor, o rico fazendeiro Antônio. Conversaram bastante e já no final Pedro propôs casamento. “Seu” Antônio tomou um susto, ponderou que a filha tinha apenas 16 anos e estava se preparando para fazer o vestibular de medicina. Pedro, temperamental, não gostou. Retirou-se para o hotel. A jovem chorou pela mal-sucedida reunião e à noite, sem que ninguém percebesse, foi ao encontro de Pedro. Tiveram momentos de amor no hotel das orquídeas e bem cedo foram no carro do rapaz para a capital paulista, dispostos a contraírem núpcias. A família de Helena logo percebeu e o pai, de forma constrangida, autorizou o casamento. Durou pouco, aliás apenas 60 dias. Pedro logo mostrou seu frágil e perverso caráter. Além de bater covardemente na moça grávida, não permitia que ela procurasse um curso pré-vestibular. A alternativa era pedir ajuda ao pai. Este ao saber da situação, deslocou-se até à capital do Estado para buscar a filha. Ao chegar foi recebido de forma grosseira e agredido fisicamente pelo psicopata Pedro. Sua intenção era assassinar “Seu Antônio”, mas a bala disparada do revólver ricocheteou e atingiu mortalmente o malvado e irresponsável Pedro. Helena, levando um filho no ventre, retornou para casa paterna, visando reconstruir a vida. Infelizmente, às vezes, a vida é assim.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 2/12/2016.

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