terça-feira, 5 de setembro de 2017

ESPERANÇA


Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Há algo de podre na República!
Segundo a Constituição, a pessoa do presidente é um símbolo nacional. Quando o presidente adoece (sendo ele, no caso brasileiro, Chefe de Governo e, ao mesmo tempo, Chefe de Estado), adoecemos todos, em dose dupla. Como médico, estando ou não o paciente em risco de morte ou de vida, não posso tirar-lhe a Esperança. Meu dever é o de lutar para que sofra menos, a cura é obra de Deus. Há uma lassidão moral nas classes dirigentes do nosso país. Com isso, quem lê jornal ou vê TV, internet concorda.
Começo com a pergunta: — Se os deslizes do cotidiano ascenderem aos desmandos dos governantes? Nessa questão é onde reside a tônica da complexidade do momento que estamos vivendo. Fui pediatra por muito tempo. Por minhas mãos, passaram gerações de brasileirinhos, agora, como psicoterapeuta de jovens e seus pais, assisto às mazelas semeadas em passado historicamente não muito distante daquilo que fizemos com os nossos jovens e sofro.
Sei que, em países de cultura sedimentada, pode aparecer um Adolf Hitler ou que a filosofia marxista poderá desembocar na crueldade de Josef Stalin. Esses dois passaram a ser “líderes” emblemáticos do poder da ditadura. Outras Nações, não tão pujantes, têm se sobressaído nos índices de Melhoria de Vida, quando conseguiram libertar-se das falsas lideranças. (Vide caso do Japão e nações do Leste Europeu).
O Brasil está, neste momento, em uma situação de decisão, pois a História demonstra que os povos seguem os caminhos ditados por suas lideranças. Dito isso, e já que estamos em época científica, vamos a algumas pesquisas. Assim sendo, creio ser interessante passarmos uma vista de olhos no que diz o IBGE, em publicação do mês de janeiro de 2006 (10 anos antes destas últimas eleições municipais).
De um universo de 2.000 votantes, foram encontradas as seguintes respostas:
- 90% das pessoas acharam que os políticos pensam, somente, em si mesmos,
- 82% disseram que a classe política é corrupta,
- 89% a 95% dos pesquisados consideram o caixa dois um crime, como também, a superfatura de obras públicas;
- 64% consideraram-se pessoas honestas, muito embora não descartem a tentação — se exercendo cargo eletivo tenham força de resistir a se aproveitar do cargo em “causa ou proveito, próprio” (74%). O inquérito diz que 98% dos pesquisados desconhecem alguém de seu relacionamento que não tenha praticado, pelo menos, um ato condenável.
A conclusão que se pode tirar do estudo é que a maioria repudia a corrupção, porém é capaz de cometer ou tolerar a desonestidade. Muito antes dessa análise do IBGE, esses números crus apontados pela Ciência da Estatística, o sociólogo Sergio Buarque de Holanda (Raízes do Brasil, 1936) afirmava tais achados.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES). Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).

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